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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Antes de deixar CBF, presidente acertou conta milionária com pilotos

Pagamento foi uma das despesas vultosas de Ednaldo Rodrigues, afastado pela Justiça; OUTRO LADO: confederação e pilotos não comentam

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São Paulo e Brasília

Antes de ser afastado da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por decisão judicial, Ednaldo Rodrigues ordenou o pagamento de despesas milionárias que, agora, estão sendo investigadas internamente.

Uma delas se refere a um acordo feito com os dois pilotos do jato da entidade, que transportavam o dirigente em suas viagens.

Ambos tinham contrato formal com a CBF e moveram uma ação de R$ 1,4 milhão após terem sido demitidos sem justa causa e a entidade se negar a fazer o acerto conforme as regras da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).

Em vez disso, os pilotos foram orientados a fechar um acordo extrajudicial abaixo do valor devido, algo que os funcionários consideraram ser uma coação da CBF.

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, afastado do cargo pela Justiça - Eduardo Anizelli - 05.jul.2023/Folhapress

No processo, obtido pelo Painel S.A., foi anexada uma gravação de uma ligação telefônica em que um dos pilotos, Tiago Aguiar de Lemos, conversa com a então coordenadora de recursos humanos da CBF, Denise Monteiro.

No áudio, ela o orienta a procurar os advogados da confederação para realizar um acordo, porque a entidade não faria o acerto pelas vias tradicionais.

Lemos diz que não entendia por que a CBF estava tomando essa medida e pergunta para a então chefe do RH de quem tinha partido essa ordem.

"A gente está seguindo o que a gente tem aqui de direcionamento. É um direcionamento que vem de cima, entendeu?", diz Monteiro.

O piloto então pergunta se Ednaldo era o responsável pela orientação e a ex-coordenadora do RH confirma.

Ouça trechos da conversa do piloto com a então chefe do RH

Diante dessa situação, Sergio Ferreira de Siqueira e Tiago Aguiar de Lemos ingressaram, juntos, com uma ação junto à 73ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro.

Ambos eram contratados pela CLT. Ferreira era funcionário desde 2010, com salário bruto mensal de R$ 88 mil. Lemos estava na entidade desde 2018, com remuneração de R$ 61 mil.

O acordo

No entanto, antes de ingressarem com a ação na Justiça, o outro piloto, Sergio de Siqueira, procurou os advogados da CBF para conhecer a proposta. No seu caso, o valor a ser pago seria de R$ 642 mil —pouco mais da metade a qual ele teria direito.

Para assinar esse acordo, a confederação exigia que os valores não poderiam ser questionados posteriormente na Justiça. Também impunha sigilo.

Diante do impasse envolvendo o comando da CBF, os pilotos desistiram da ação e resolveram fechar o acordo extrajudicial. Os valores, no entanto, não foram revelados.

Antecedentes

Ednaldo Rodrigues foi destituído da presidência da CBF na última quinta (7). Ele tinha chegado ao comando da entidade após o afastamento de seu antecessor, Rogério Caboclo, alvo de denúncias de assédio contra funcionárias.

À época, ele presidia a CBF interinamente e firmou um TAC (Termo de ajustamento de Conduta) com o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro —o que abriu caminho para fosse eleito mais tarde e efetivado no cargo.

No entanto, recentemente, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anulou o TAC porque considerou que o MPF não tinha legitimidade para ajuizar o acordo. Ednaldo recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas o pedido foi negado.

Outro lado

A coluna procurou ambos os pilotos. Tiago Lemos afirmou que não poderia comentar, porque o caso está protegido por sigilo. Não revelou, ao final, o valor do acordo.

A CBF não respondeu até a publicação desta reportagem.

Com Diego Felix

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