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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Descrição de chapéu Governo Lula

Caminhoneiros ameaçam com greve se pneu da China ficar mais caro

Disputa de fabricantes locais para barrar entrada de asiáticos, mais baratos, faz governo voltar atrás com elevação de imposto

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Brasília

O governo Lula entrou em rota de colisão com os caminhoneiros, que ameaçam fazer greve em todo o país caso a Camex (Câmara de Comércio Exterior) eleve o imposto de importação de pneus.

Nessa guerra, fabricantes instalados no Brasil querem que a alíquota passe de 16% para 35% como forma de equilibrar a concorrência com os pneus asiáticos, principalmente da China.

Caminhoneiros durante manifestação no final de 2022 - Folhapress

No entanto, a crise climática está causando uma alta no frete, que pode subir ainda mais caso haja mais barreiras tarifárias para a importação de pneus.

De olho no impacto que essa combinação terá sobre a inflação, representantes do governo na Camex cogitam elevar a alíquota para 20%, mas ainda não se sabe se será suficiente para conter os ânimos dos motoristas.

"Não aceitaremos qualquer alta", afirmou Walace Landim, o Chorão, presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores).

Para ele, os caminhoneiros já vêm de anos de pressão de custos causada, principalmente, pelas altas do diesel.

"Não dá para suportar mais esse aumento", disse ao Painel S.A. "Se isso não for revertido, há grandes chances de uma mobilização como a de 2018 [que paralisou rodovias em todo o país, prejudicando fornecimento de insumos e mercadorias]."

A ameaça também parte da Fetrabens (Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo).

Durante audiência sobre o assunto na Câmara dos Deputados, Everaldo Bastos, representante da federação, disse que o caminhoneiro só consegue comprar pneus novos porque os valores estão mais baixos com a concorrência dos importados. "Aumentar o custo para o caminhoneiro é pedir uma nova greve. [Em 2018] Os caminhoneiros pararam por causa de 20 centavos no óleo diesel e nossos associados já estão pressionando para não haver aumento dos pneus", disse.

Na audiência, a ANTT se manifestou contra a possibilidade de aumento da tarifa de importação de pneus de 16% para 35%.

Durante audiência na Comissão de Viação de Transportes na Câmara dos Deputados, nesta terça (10), o superintendente de Serviços de Transporte Rodoviária da agência, José Aires Amaral Filho, disse que a medida poderia causar sucateamento do setor.

Foi a primeira vez que a agência se manifesta sobre o assunto. "Quando a gente olha a realidade da categoria, vemos que eles vêm sofrendo com o aumento dos custos dos insumos. O principal fator da greve em 2018 foi insumos, o óleo diesel", disse. De acordo com a ANTT, 94% dos 747 mil transportadores registrados no país possuem até três veículos e não conseguiriam transferir os custos de um eventual aumento dos preços dos pneus para o frete.

Filho disse que a preocupação da agência é especialmente com os transportadores autônomos.

A ANIP, associação que representa empresas produtoras de pneus, defende o aumento da tarifa de importação. Considera haver prejuízos com o aumento das importações nos últimos anos devido a uma política de subsídios em países asiáticos que torna a competição desleal.

Com Diego Felix

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