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Brasil é país cada vez mais voluntário

Datafolha indica que voluntariado passou de 18% para 56% da população e aponta progresso com participação de empresas

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Luisa Gerbase de Lima

Gerente de Comunicação do Idis - Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

A Pesquisa "Voluntariado no Brasil 2021", realizada pelo Idis – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e Instituto Datafolha, traz excelentes notícias. Em apenas duas décadas, o número de pessoas que praticou trabalho voluntário em algum momento de sua vida mais que triplicou, passando de 18% para 56% da população.

O número de voluntários ativos também é notável –mais de um terço da população (34%). Em outras palavras, são 57 milhões de brasileiros e brasileiras que doaram, em 2021, tempo, talento e energia em prol de uma causa e fizeram a diferença na vida dos beneficiados pela ação.

E por que fazem? A grande motivação foi a solidariedade, indicada por 74% dos voluntários.

Em duas décadas, prática do voluntariado passou de 18% para 56% da população - Carolina Daffara

Vibramos com os números, mas não podemos dizer que são surpreendentes –vão ao encontro de achados de outras pesquisas que mostram o fortalecimento da cultura de doação e do voluntariado.

No World Giving Index 2021, estudo global da britânica Charities Aid Foundation (CAF), promovido pelo Idis, o Brasil ficou em 54º lugar entre 114 nações.

Este ranking de solidariedade contempla atitudes como doação de dinheiro, ajuda a estranhos e voluntariado e, em termos absolutos, subimos 14 posições em relação a 2018 e 20 posições em comparação à média dos dez anos anteriores.

Outro levantamento, a Pesquisa Doação Brasil 2020, realizada pelo Idis e com foco em doação individual de dinheiro a causas, mostra que, apesar da queda nos índices de doação, há uma tendência de amadurecimento da sociedade.

Isso porque mais de 80% dos entrevistados concordam que o ato de doar faz diferença. Entre os não doadores, essa concordância atinge 75%.

O conceito de que a doação faz bem para o doador também cresceu significativamente entre 2015 e 2020, de 81% para 91% da população, atingindo uma maioria quase absoluta.

Mais um aspecto positivo é que está perdendo força a ideia de que o doador não deve falar que faz doações. Em 2015, a afirmação contava com a concordância de 84% da amostra e, em 2020, o percentual caiu para 69%.

Luciano Huck e Elie Horn, fundador da Cyrela, conversam sobre filantropia - Gladstone Campos

Este é um ponto especialmente importante porque falar sobre doações estimula sua prática, traz inspiração, esclarece temores e desperta o interesse em outras pessoas.

É neste contexto que o voluntariado se desenvolve no Brasil e nota-se que, apesar de a pandemia e o isolamento social terem abalado estruturas, exigindo rápidas readequações, fomos capazes de enfrentar estes desafios.

47% dos voluntários passaram a se dedicar mais e 21% começaram a fazer atividades voluntárias online como apoio psicológico e ações ligadas à educação.

Tais avanços não são, de forma alguma, espontâneos. São fruto de trabalho e investimento de inúmeras organizações e indivíduos.

Estudos e pesquisas geraram dados e reflexões; a prática nos permitiu aprender com as experiências exitosas e, também, com os erros; o aprimoramento do ambiente regulatório trouxe bases mais sólidas e a tecnologia nos permitiu ultrapassar barreiras e contribuiu para conectarmos pessoas e saberes.

A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021 traz um retrato de onde estamos, indica pontos de atenção e possíveis caminhos para seguirmos evoluindo. Manter o crescimento do número de voluntários é sempre desejável, mas o grande desafio é transformar essa tendência em uma prática rotineira.

Temos 34% de brasileiros voluntários atualmente, mas apenas cerca um terço deles fazem isso regularmente, com frequência definida.

A resposta para essa transformação está em um outro número –apenas 15% dizem participar de programas empresariais, indicativo de potencial enorme que pode ser explorado.

Quando unimos o investimento social corporativo com os anseios individuais, encontramos um campo fértil para ações solidárias de empresas junto ao seu público interno e aí moram os programas de voluntariado corporativo.

Os resultados possíveis dessa união são muitos, indo além do impacto social gerado e da criação de uma rotina de atuação.

Cervejaria Ambev convoca colaboradores para serem mentores de organizações sociais no programa Voa - Ambev/Divulgação

Melhoria do clima organizacional, sentimento de pertencimento, desenvolvimento de competências e contribuição à estratégia de impacto e investimento social são alguns dos benefícios de ações solidárias envolvendo colaboradores.

Tais programas integram também a agenda ESG (sigla práticas ambientais, sociais e de governança), cada vez mais considerada nas tomadas de decisão de investidores.

A generosidade no mundo aumentou, em especial nas economias com pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Este movimento de cuidar do próximo e realizar doações, seja de tempo ou de recursos, precisa continuar para enfrentarmos os efeitos perversos da pandemia e acelerar a melhoria do bem-estar de quem mais precisa.

Estamos indo na direção certa e vamos avançar.

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