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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Com ambiente favorável para o futebol, ingleses estão se divertindo bem mais

País tem dinheiro e número incrível de craques atuando em seus campeonatos

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A tentação é dizer que a Inglaterra ganhará a Copa do Mundo de 2022, no Qatar. Não só por causa da supremacia de seus clubes nas competições da Uefa. Pela primeira vez na história, tanto a Champions como a Europa League terão finalistas de um mesmo país: Liverpool x Tottenham e Arsenal x Chelsea.

A ideia de que os ingleses podem ter a melhor seleção do planeta daqui a três anos passa também pelo sucesso de suas seleções de base, campeãs mundiais sub-17 e sub-20.

O país hoje tem um centro de treinamento especializado na formação de jovens jogadores, como a França possui, há quase trinta anos. Kylian Mbappé, eleito melhor jogador jovem do último Mundial, é fruto da renovação francesa, planejada em Clairefontaine. 

A geração de Sancho, menino inglês liberado pelo Manchester City, consagrado pelo Borussia Dortmund, pretendido pelo Manchester United, é trabalhada em St. George’s Park, perto de Birmingham. 

Há também Foden, do Manchester City, e Hudson-Odoi, do Chelsea, só entre os que já estão jogando em bom nível.

A Premier League teve só 30% de jogadores ingleses na penúltima rodada de seu campeonato. A última acontece neste domingo (12). Liverpool e Tottenham tiveram cinco nascidos na terra da rainha nas semifinais da Champions League, contra Barcelona e Ajax, respectivamente.

Não é a quantidade de jogadores ingleses que faz o futebol inglês. É o ambiente.

Campeã mundial na Rússia em 2018, a França não é um país de futebol. As conversas em suas cidades não passam por seus clubes, mas a Federação criou um caso de sucesso na formação de atletas. 

A Inglaterra é diferente. Fala-se dos clubes, dos craques e dos jogos nos bares, nas ruas e nos escritórios. Não tanto quanto no Brasil ou na Argentina, menos do que na Itália da década de 1990, quando era impossível sair às ruas sem ver gente com um jornal cor-de-rosa debaixo do braço. Era “La Gazzetta dello Sport”, ainda hoje um dos principais diários esportivos do planeta.

Assim como a Inglaterra de hoje, a Itália viveu período hegemônico nos torneios de clubes europeus. Na temporada 1989/90, impulsionada pela proximidade da Copa do Mundo no país, os italianos ganharam tudo.

O Milan foi campeão da Copa dos Campeões, a Sampdoria ganhou a extinta Recopa, Juventus e Fiorentina fizeram a final da Copa da Uefa, hoje Liga Europa. Era um monopólio. Havia limite de três estrangeiros por clube, os craques eram italianos e a Itália favorita da Copa, para muita gente, terminou em terceiro lugar após cair para a Argentina na semifinal.

Certezas absolutas não têm supremacia sobre o destino. Daí não passar de tentação dizer que a Inglaterra será campeã em 2022.

Os ingleses tiveram oito temporadas com oito finalistas na Champions, entre 2005 e 2012. Depois, viveram longo jejum. 

De 2013 a 2017, nenhum clube inglês chegou à decisão e os espanhóis ganharam cinco Champions seguidas (o Real Madrid quatro, e o Barcelona uma). Ninguém falou em decadência britânica. 

Agora, olha-se para a ilha como o coração do futebol europeu, em pleno Brexit. Fora das finais europeias, o Manchester City de Pep Guardiola pode festejar o troféu doméstico, da Premier League neste domingo (12).

A Inglaterra cria um ambiente favorável para o futebol. Há grandes diferenças. Tem o dinheiro e o número incrível de craques que jogam no país. Uma coisa leva à outra. Mas chama a atenção mesmo outro detalhe: eles estão se divertindo bem mais.

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