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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Neymar é a transição de que a seleção brasileira precisa

Jogador do PSG precisa ser a referência e o exemplo para quem chega

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Neymar voltou a jogar 94 dias depois da lesão em seu pé direito, fez um gol e deu um passe para outro. Impressionante lembrar que a última vez em que havia marcado e oferecido assistência tinha sido em 19 de janeiro, também a partida derradeira antes da lesão.

Na temporada frustrante do Paris Saint-Germain, de um título em quatro disputas, Mbappé foi o artilheiro, mas Neymar deixa números incríveis. Em 25 partidas, fez 21 gols e nove assistências.

Neymar comemora gol marcado na final da Copa da França, vencida pelo Rennes
Neymar comemora gol marcado na final da Copa da França, vencida pelo Rennes - Anne-Christine Poujoulat/AFP

Apesar da derrota na final da Copa da França, Neymar jogou muito bem. Bem demais para quem ficou três meses sem jogar. Seus dois companheiros ouvidos no vestiário do Stade de France depois da final, Thiago Silva e Marquinhos, mostraram surpresa e satisfação pelo desempenho. “Ele chama a responsabilidade demais. Tem uma personalidade incrível”, disse Marquinhos, capitão contra o Rennes, pela ausência de Thiago.

O bom desempenho alimenta esperança de tê-lo em alto nível na Copa América, como não foi possível na Copa do Mundo. “Dessa lesão, ele parece ter voltado mais fácil”, disse Thiago Silva.

O PSG joga de forma diferente da seleção. Quando perde a bola, defende-se com duas linhas de quatro homens. Quando a recupera, vira 3-4-2-1. Neste caso, Neymar figura no desenho dos dois meias, atrás de Mbappé ou Cavani.

Não fica refém da linha lateral. Circula, movimenta-se, abre espaços, chama o jogo em seu pé. Não que não faça parecido na seleção, mas num 4-1-4-1 alguém precisa fechar o lado esquerdo e, mesmo que não seja Neymar, há obrigações táticas para cumprir.

Na Copa do Mundo, muitas vezes Gabriel Jesus trabalhou defensivamente. Neymar não estava na sua melhor condição física. Não alcançou a plenitude e, quando se aproximou disso, sofreu outra fratura. A fase de preparação pode servir para achar nova formação, com Arthur, talvez Paquetá, e Jesus, ou Firmino, talvez Richarlison. Depois da Copa, o Brasil jogou sete vezes, venceu seis, empatou uma, marcou 13 gols, sofreu um só e não jogou bem nenhuma.

Não é por isso que se deve abreviar o trabalho. A França de Deschamps jogou mal muitas vezes de 2014 a 2018 e foi campeã mundial, porque achou seu equilíbrio depois de seis anos de altos e baixos.
O único jeito de jogar bem é treinar, e a única maneira de fazer isso em seleções nacionais é trabalhar mês após mês.

O retorno de Neymar e sua disposição para chamar o jogo em seu pé, como demonstrou contra o Rennes, podem ser os ingredientes que faltam para o time ganhar confiança e voltar a jogar como fez nas eliminatórias.

A crítica não pode ser se as entrevistas de Tite são chatas ou simpáticas. Passou da hora de haver trabalho coerente e com gerações que se sobreponham, para que um craque passe o bastão para o próximo, sem rupturas, como da geração de Zico para a de Romário ou da de Ronaldo para a de Neymar, sem que Kaká nem Ronaldinho fizessem a transição. Se a renovação for forçada, vai haver dor.

Neymar precisa ser o craque desta seleção e, ao mesmo tempo, a referência para quem chega. Para isso, ser exemplo é importante. Ele tem o direito de ir ao Carnaval. Só está na hora de fazer com que se fale mais sobre suas grandes jogadas do que de suas ocupações fora de campo.

Diferença tricolor

Em casa, contra o Botafogo, o São Paulo teve 33% de posse de bola e quatro finalizações certas, o dobro do adversário. Em janeiro, o discurso era ter um time dominante, não de contragolpe. Claro que Cuca preza mais o jogo vertical, não é pecado. Mas dá para arriscar um pouco mais com a bola no pé.

Dinheiro e felicidade

Dizia-se em Paris que, se o Rennes perdesse, a culpa seria de Abel Braga. Porque o uniforme do time é vermelho e preto. Acontece que, na França, como no Brasil, dinheiro é importante, mas não faz gols. O Rennes ganhou, e a culpa não é só de Tuchel. Cruyff dizia que nunca viu saco de dinheiro marcar gol.

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