Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.
Bata na madeira quando seu time pensar em ser hegemônico
Os que se imaginaram soberanos foram mais tarde criticados por suposta soberba
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Alberto Helena Jr escreveu em sua coluna na revista Placar, em 1982: “Bata três vezes na madeira quando seu time for tri”. Elencava equipes que chegaram ao domínio de seus campeonatos por três anos consecutivos e caíram vertiginosamente depois.
O exemplo serve para o Santos de Pelé, penta na Taça Brasil, mas que nunca alcançou o tetra quando o Estadual era o torneio mais importante do país.
Mais ainda para o São Paulo e seu declínio após ser tri brasileiro, em 2008.
É também ilustrativo para o comentário feito por Andrés Sanchez no Arena SBT, na segunda-feira (2). “Se o Flamengo fosse o melhor time do Brasil, não teria levado de 4 a 1”.
O rubro-negro possui, sim, o melhor time, mas a classificação do Brasileiro e a informação de que sofreu gols em 8 de seus últimos 10 jogos permitem pensamentos como o do presidente do Corinthians.
O próprio Andrés afirmou há dez anos que o Corinthians seria o maior clube da América e atualmente não consegue nem sequer ser o melhor de São Paulo.
Bata três vezes na madeira quando seu time pensar em ser hegemônico, porque todos os que se imaginaram soberanos foram mais tarde criticados por suposta soberba.
O caso do Flamengo não é esse, e a equipe pode perfeitamente ser campeã, só que o primeiro turno recém-concluído indica equilíbrio imaginado por poucos analistas. São apenas cinco pontos de distância entre o líder, Internacional, e o quinto colocado, o São Paulo.
A diferença pode se ampliar se a equipe de Fernando Diniz vencer suas três partidas adiadas. Por outro lado, pode se concentrar mais, porque o Palmeiras tem um jogo a menos.
Do ponto de vista puramente matemático, Internacional, Flamengo, Atlético-MG, Fluminense, São Paulo e Santos começam o segundo turno separados entre os 30 e 35 pontos, além do Palmeiras com alcançáveis 31.
Desses, Atlético-MG e Fluminense concentram-se somente no Brasileiro, com meios de semana livres, enquanto os demais lutarão na Libertadores e na Copa do Brasil.
O Flamengo segue favorito, o Atlético apresentou a maior qualidade do primeiro turno, mas os sete disputam. Não é de se menosprezar o equilíbrio num torneio iniciado no meio da pandemia, com jogos adiados e amontoados, desfalques ampliados pelo cansaço e pela Covid-19, e comprometido pela ausência de público.
Sem contar os percalços já tradicionais, como as 13 mudanças de treinador em um único turno, duas a mais do que no ano passado.
Este domingo registra o duelo entre o melhor time do Brasil, o Flamengo, e o de mais beleza no primeiro turno, o Atlético. Ambos com problemas defensivos, o Galo com 23 gols sofridos e o rubro-negro com 25, colocados entre as 11 piores defesas do Brasileiro.
O Atlético não vence há quatro rodadas, e o Flamengo sofreu 34 gols em 25 compromissos sob o comando de Domènec Torrent. A média de 1,35 é muito maior do que com Jorge Jesus: 0,82. No ano passado, Sampaoli passou por crise semelhante à atual. No Santos, registrou só uma vitória entre a 14ª e 21ª rodadas. Depois, reagiu e foi vice-campeão.
É possível repetir a trajetória e disputar o troféu cabeça a cabeça com o Flamengo. O clássico de domingo pode falar muito a esse respeito.
Também falará se o Palmeiras, agora de Abel Ferreira, poderá ou não se meter na briga que tem, hoje, como concorrentes mais sérios Internacional, Flamengo, Atlético e São Paulo.
O duelo entre técnicos portugueses com Ricardo Sá Pinto, do Vasco, repetirá o que houve num amistoso de 1947, quando o São Paulo era orientado pelo gajo Jorge de Lima, o Joreca, e o Flamengo por Ernesto Santos.
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