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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Quanto vale um técnico no futebol?

Nenhum tem de custar 25 milhões de euros; informação e conhecimento valem bem mais do que isso

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Técnico não ganha jogo.

Mas o Manchester City é muito mais time do que o Paris Saint-Germain porque tem Guardiola —e De Bruyne. Os franceses têm Neymar, Mbappé e não fazem cócegas nos ingleses, do ponto de vista coletivo.

“Técnico representa, no máximo, 25% de um título”, dizia Muricy Ramalho, ao ser tricampeão brasileiro pelo São Paulo.

Nunca mais o Brasileirão foi para o Morumbi, apesar de Ganso, Kaká, Pato, Luís Fabiano, Calleri e de ter Rogério Ceni como goleiro em 7 das 12 temporadas de jejum.

Os troféus não chegam por causa de um técnico ou dos craques. Assim como um avião não cai por uma única causa, os campeões têm, geralmente, a soma de um ambiente bem conduzido por dirigentes que contratam bons jogadores, alguns craques e dão respaldo para treinadores inteligentes, sejam conservadores ou inventivos.

O Bayern pagará 25 milhões de euros para Julian Nagelsmann rescindir seu contrato com o Leipzig. Será o técnico mais caro da história.

Em 2011, o Chelsea pagou 15 milhões de euros ao Porto pela quebra contratual de André Villas Boas. O português tinha sido assistente de José Mourinho e se credenciado pelas conquistas da Liga Europa e do Campeonato de Portugal, invicto, em 2011. Chegou à Inglaterra aos 33 anos.

Nagelsmann tem a mesma idade e foi apelidado de “Mini Mourinho” quando começou a carreira. Sua marca era a defesa sólida, no Hoffenheim. Virou um treinador da mais nova cepa, a dos que imaginam o futebol jogado no 3-1-4-2. É a teoria de Thomas Tuchel, do Chelsea, e a prática de Guardiola. O River Plate jogou assim contra o Junior de Barranquilla, pela Libertadores.

Julian Nagelsmann trocará RB Leipzig pelo Bayern de Munique na próxima temporada - Odd Andersen - 10.mar.20/AFP

Há um ano, a revista France Football mostrou como Nagelsmann agrediu e venceu o Atlético de Madrid empurrando-o para a defesa a partir do zagueiro francês Upamecano. À frente de três beques, o volante austríaco Kampl. Depois, seis homens em busca da pressão, posse de bola e do gol. O desenho do Leipzig era semelhante ao utilizado por Guardiola contra o Paris Saint-Germain, na quarta-feira (28).

Nagelsmann substituirá Hans Dieter Flick, o primeiro técnico do Bayern a pedir demissão com contrato em vigor. Flick voltará à seleção da Alemanha, depois de ter sido assistente de Joachim Löw na Copa do Mundo de 2014.

No final da temporada 2018/19, o presidente do Bayern, Karl Heinz Rummenigge, dava todas as pistas de que demitiria o croata Niko Kovac. Em vez disso, contratou Flick como assistente. Na primeira crise, a goleada por 5 a 1 para o Eintracht Frankfurt, Rummenigge demitiu Kovac e, discretamente, efetivou Flick.

Diziam que contrataria Arsene Wenger. O próprio francês indicou que o caminho era o assistente, que se tornou o treinador do único campeão de Liga dos Campeões com 100% de vitórias durante a campanha.

O Bayern não foi campeão por causa de Flick, nem será apenas por Nagelsmann. Ganhou duas Ligas dos Campeões nos últimos dez anos porque trabalha e tem coerência. Sabe o que quer.

As semifinais da Champions League apresentaram Chelsea e Manchester City afogando seus rivais, com três zagueiros, um pivô à frente da defesa para ajudar a saída de jogo, um lateral armador e cinco em linha de ataque. O 3-2-5 com a bola é um WM moderno. O WM foi criado pelo inglês Herbert Chapman, em 1925.

Flamengo, Palmeiras, Internacional e São Paulo têm esboçado desenhos parecidos. O Atlético-MG fazia isso com Sampaoli. Nenhum técnico tem de custar 25 milhões de euros. Informação e conhecimento valem muito mais do que isso.

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