Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.
Times de posse de bola, no Brasil, têm dificuldade para abrir sistemas defensivos
Vítor Pereira foi apresentado à primeira dificuldade como técnico do Corinthians
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O São Paulo jogou mal contra o Santo André, o Campinense, a Inter de Limeira e o Ituano e foi convincente nas vitórias contra o Santos e o Corinthians. Justamente, as únicas partidas em que teve menos posse de bola do que seus rivais.
Vítor Pereira foi apresentado à primeira dificuldade no Corinthians. A capacidade de seu time circular a bola é inversamente proporcional à de marcar gols.
"O São Paulo ficou mais confortável, com a possibilidade de defender em linha baixa", admitiu o técnico português.
Pereira já entendeu que seus jogadores mais talentosos são também os mais experientes e que a maior qualidade é ter a bola. Só que a maior parte dos times de posse de bola, no Brasil, tem dificuldade para abrir sistemas defensivos.
Há dois motivos para isso: 1. os craques estão na Europa; 2. os times não têm tempo de treino para aumentar a rapidez da troca de passes e as combinações ofensivas.
"Há muita coisa que temos de trabalhar", disse o técnico português, ao explicar que precisa treinar o que chama de movimentos contrários, inversões do lado da jogada.
É preciso deixar Pereira trabalhar, assim como Rogério Ceni. Na entrevista coletiva que ofereceu depois do empate por 0 x 0 contra a Inter de Limeira, o técnico são-paulino tratou das etapas de trabalho, da necessidade de aumentar a velocidade, a rotação, as viradas de jogo da direita à esquerda – ou o inverso.
É mais fácil defender e contra-atacar. Mais confortável, como definiu Vítor Pereira.
Isso vale também para o Palmeiras. Depois de dezesseis meses de Abel Ferreira, ainda há dificuldade para furar defesas severas, mas as variações de jogo ficam mais constantes. Contra o Athletico, o time voltou a atacar num 3-2-5. Jogar cinco homens na última linha defensiva do adversário, como fez o Liverpool contra o West Ham, no sábado (5).
A jogada do gol da vitória tinha Salah, Henderson, Mané, Robertson e Luis Díaz contra quatro defensores do rival de Londres.
Há cinco anos no clube, Jurgen Klopp consegue ter os mesmos jogadores cumprindo funções diferentes. Alexander Arnold é lateral direito, mas joga como armador. Henderson é volante, joga na ponta, outras vezes na meia direita. Robertson estava na meia na jogada do gol, mas constrói na linha dos três médios e outras vezes ocupa a ponta esquerda.
Hoje, Abel Ferreira consegue escalar Raphael Veiga como meia direita ou centroavante falso, o que aconteceu contra Santo André e Athletico, em Curitiba. Rony foi centroavante na Recopa e marcador de Hudson Odoi no Mundial, contra o Chelsea. Marcos Rocha faz a saída de três, com os zagueiros, função que também pode ser feita por Piquerez, com Rocha na ponta direita.
Jogadores só conseguem executar funções diferentes com competência, pela maturidade do trabalho. Mesmo assim, abrir defesa cerradas é difícil, seja para o Palmeiras nos 2 x 0 sobre o Athletico, seja para o Liverpool no 1 x 0 contra o West Ham, ou para o Manchester City, que perdeu por 3 x 2 para o Tottenham, com 19 finalizações e 67% de posse de bola.
É mais difícil para São Paulo e Corinthians, porque o trabalho está no começo. Rogério é elogiado quando vence, sem ter a bola. Ceni quer ganhar e empurrar o adversário para traz. Leva tempo.
JUVENTUDE
O São Paulo escalou cinco jogadores abaixo dos 22 anos no clássico contra o Corinthians. Vitalidade ajuda muito. Rodrigo Nestor, o melhor em campo, grudou em Renato Augusto e tirou do meia corintiano a chance de jogar bem. Gabriel Sara marcou Du Queiroz até o fim.
EXPERIÊNCIA
Vítor Pereira já usou a palavra experiência algumas vezes. São sete veteranos talentosos escalados juntos: Cássio, Fágner, Gil, Paulinho, Renato Augusto, Giuliano e Willian têm mais de 31 anos. É uma das razões para ter um time de passe, não de desarme.
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