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Jornalista, comenta na Globo e é cofundadora do Dibradoras, canal sobre mulheres no esporte.

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Renata Mendonça

Próximo passo para evolução do futebol feminino tem que ser aumento de premiações

O cenário mudou, e seria justo que os campeões das principais competições nacionais recebessem mais

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A terceira edição da Supercopa do Brasil entre Flamengo e Atlético-MG foi mais um sucesso em todos os aspectos. Jogo de altíssima qualidade dentro de campo, emoção até o fim (com uma disputa de pênaltis interminável) e a certeza de que a criação da competição foi uma bola dentro da CBF.

No futebol feminino, houve neste ano a criação da Supercopa do Brasil em outro formato. Não há, entre as mulheres, a disputa da Copa do Brasil, torneio que foi extinto em 2016, e a demanda do futebol delas é outra –ter mais jogos competitivos, um calendário mais completo para mais equipes ao redor do país.

Time feminino do Corinthians celebra a conquista do Campeonato Brasileiro de 2021 - Livia Villas Boas - 26.set.2021/CBF

Criou-se, então, um torneio de tiro curto para abrir a temporada, com a participação baseada na classificação no Campeonato Brasileiro (primeira e segunda divisão) e na variedade de regiões representadas. Foram praticamente dez dias, oito participantes, sete jogos e um sucesso de público e audiência. Além disso, um total de 13 patrocinadores investiram na exposição de suas marcas no evento.

Mas uma coisa chamou a atenção de alguns torcedores quando a Kia, uma das patrocinadoras da Supercopa do Brasil masculina, anunciou a premiação para o melhor jogador da partida: um carro zero no valor de 150 mil reais. Uma das manifestações foi da vencedora do prêmio de craque da partida na final da Supercopa feminina, a meia Gabi Zanotti, do Corinthians, que postou: "Expectativa: carro; Realidade: Troféu e medalhas" em forma de emoticons no Twitter.

Importante ressaltar: não acho justa qualquer comparação de premiações ou salários do futebol masculino com o futebol feminino porque a realidade das duas modalidades hoje é absolutamente distinta. O mercado do futebol masculino existe há mais tempo e está em outro patamar.

Mas partindo desse gancho, vale resgatar aqui uma discussão importante sobre premiações do futebol feminino –hoje, ou elas são inexistentes (na recém-criada Supercopa, em quase todos os estaduais) ou não têm reajustes há muito tempo.

A primeira vez que uma competição nacional feminina teve premiação foi em 2017, quando a CBF anunciou que daria R$ 120 mil para o campeão e R$ 60 mil para o vice.

De 2017 a 2021, a premiação não teve aumento significativo. Permanece com os mesmos valores. Em 2022, ainda não há confirmação se haverá reajuste.

Considerando que o cenário do futebol feminino no Brasil mudou de 2017 para 2021 –agora há jogos transmitidos na TV aberta e fechada, venda de naming rights da competição (para a Neoenergia a partir de junho de 2021) e a entrada de patrocinadores (Guaraná Antarctica, Riachuelo e uma casa de apostas)–, era de se esperar que isso tivesse um impacto também na premiação.

Se o nível da competição aumentou, os clubes passaram a investir mais, veículos de imprensa deram mais visibilidade e marcas se interessaram em patrocinar, não seria justo que os campeões das principais competições nacionais recebessem mais também? É isso que vai fazer a roda girar, equipes quererem investir mais, porque o retorno vai começar a vir.

A Libertadores Feminina, por exemplo, terá um aumento muito significativo na premiação de 2022. A Conmebol anunciou que o campeão receberá 1,5 milhão de dólares (R$ 8,5 milhões) e o vice ficará com 500 mil dólares (R$ 2,8 milhões). Uma premiação 17 vezes maior do que a de 2021.

A superavitária CBF tem dinheiro para turbinar um pouco mais a premiação do Brasileiro Feminino e dar um retorno mais justo aos campeões nacionais, que estão investindo mais para conquistarem os títulos. Os clubes, inclusive, deveriam ser os primeiros a bater na porta do presidente da entidade para fazer essa cobrança.

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