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Brasil, o aniversariante do mês

No caso dos países, os dias nacionais revestem-se de sentidos muito diversos.

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O que significa uma data festiva? No caso dos países, os dias nacionais revestem-se de sentidos muito diversos.

Os alemães festejam a reunificação. Os italianos lembram a votação sobre a forma de governo após a 2ª Guerra. Os espanhóis comemoram a chegada de Colombo ao Novo Mundo. Os franceses demarcam a Tomada da Bastilha. Os chineses celebram a fundação de sua república.

Nas Américas, as datas apontam o momento em que as colônias firmaram desprendimento das matrizes europeias. Único país do continente que se libertou da metrópole e continuou sendo uma monarquia, o Brasil celebra em setembro a emancipação de Portugal e em novembro a transformação em república.

A Independência brasileira disputou holofote, nos primeiros anos, com a data da aclamação de seu protagonista, d. Pedro 1º. Consolidada a primazia do 7 de Setembro, ele foi chamado, em seu sesquicentenário, de “dia maior do que todos os dias”, pelo presidente de turno, Médici.

Réplica do quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo, que está no Palácio dos Bandeirantes - Rubens Cavallari - 20.ago.2018/Folhapress

Na democracia, a data ganhou utilidades várias. Com Sarney, as Forças Armadas mostravam suas novas armas. Collor buscou uma demonstração de força pessoal e deu ruim. FHC engatou uma agenda de direitos humanos e viu crescer o Grito dos Excluídos. Lula usou a data até para se defender do mensalão. Dilma decretou energia mais barata na marra —ocorreu o contrário, ora pois.

Uma coisa ficou igual: presidente em má fase sempre dá um jeito de se blindar de vaias. Houve também melhora: mesmo na versão vitaminada deste ano, o desfile em Brasília é menor e mais barato do que já foi.

O resto piorou. O 7 de Setembro de 2019 resgata a disputa colorida de três décadas atrás, um debate desde sempre obtuso, agora tingido de um patriotismo de conveniência, para entreter uma população que chicoteia jovem negro e picota baleia encalhada para comer. Num país que um dia sonhou planejar seu bicentenário, a agenda a três anos da efeméride é pior do que desanimadora. 
 

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