Secretário de Redação da Folha.
Os perdedores dos Jogos
Para alguns, a maior ameaça não está no adversário, e sim na língua
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Quem chega aos Jogos como estrela sempre correrá o risco de sair deles menor senão confirmar o favoritismo. Para alguns, porém, a maior ameaça não está no adversário, e sim na língua. Em Tóquio não foi diferente.
Entre os brasileiros, o surfista Gabriel Medina é o primeiro entre os perdedores destas Olimpíadas.
Não ganhou nenhuma medalha, a despeito de todo o favoritismo com que chegou ao Japão —o que é do jogo, faz parte do esporte.
Muito mais ruído deu a confusão armada já antes da disputa por causa da presença da namorada, Yasmin Brunet. O rolo com o Comitê Olímpico Brasileiro decerto não ajudou em nada na sua concentração.
Como se fosse pouco, soube-se agora, depois de sua participação nas Olimpíadas, que ele não havia se vacinado contra o coronavírus, supostamente por não ter tido tempo para isso.
Outra atleta que sai dos Jogos com imagem bem diferente do que tinha antes é a skatista Letícia Bufoni, outra favorita que acabou ficando sem pódio.
As falas sobre Kelvin Hoefler após a medalha de prata dele (“infelizmente não gosta de andar com a gente”) não tiveram outro resultado que não causar confusão e desviar o foco do skate, uma grande novidade olímpica, para as intrigas. A troco de que ela falou isso, difícil saber. O fato é que Kelvin não perdoou. “Falador passa mal”, afirmou ele.
Fora do Brasil, quem tropeçou na língua foi a norte-americana Megan Rapinoe, do futebol feminino. Eliminada dos Jogos de maneira surpreendente, afirmou: “Essa é difícil de engolir. Nós nunca queremos perder para o Canadá. Acho que eu nunca perdi para o Canadá. É terrível”.
O que foi terrível foi a repercussão da frase, mesmo não tendo ficado de todo claro que ela estava propriamente desdenhando das canadenses —que acabaram levando o ouro olímpico ao bater as suecas na final.
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