Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Roberto Dias
Descrição de chapéu Tóquio 2020

COI adota a estratégia Arthur Lira para a política

Comitê passa o tempo fazendo de conta que protestos no pódio não ocorreram

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O Comitê Olímpico Internacional resolveu fingir que não tem que deliberar sobre os três protestos políticos explícitos ocorridos em pódios de Tóquio.

Para lembrar:

1) No domingo (1º), a arremessadora de peso americana Raven Saunders cruzou os braços ao receber a medalha de prata. Ela assumiu publicamente que se tratava de um protesto político, em defesa das pessoas oprimidas pelo planeta.

O esgrimista Race Imboden no pódio; em sua mão, um desenho de um X
O esgrimista Race Imboden e o símbolo de protesto que levou ao pódio de Tóquio - Molly Darlingon/Reuters

2) No mesmo dia, o esgrimista americano Race Imboden apareceu no pódio com um ostensivo X pintando na mão com que segurou a medalha de bronze. Ele também assumiu publicamente que se tratava de um protesto político, em nome da solidariedade e também em defesa das pessoas oprimidas.

3) Na segunda-feira (2), as ciclistas chinesas Bao Shanju e Zhong Tianshi receberam seus ouros com pins de Mao Tse-Tung. O COI pediu explicações ao comitê nacional. Como se sabe, Mao é um dos fundadores do agora centenário Partido Comunista Chinês, e não propriamente um nome ligado ao olimpismo.

Dado que são três expressões de opinião, duas delas já legendadas pelos autores, é difícil entender o que tanto o COI precisa fazer de investigação antes de chegar a uma conclusão.

No caso de Saunders, o comitê diz ter suspendido o processo por causa da morte da mãe da atleta. Em relação aos dois outros dois, silêncio.

O COI poderia muito bem resolver dizer que não vê mais problema em haver protesto político nos Jogos e anular de vez esse trecho do capítulo 50 da Carta Olímpica. Seria uma nova orientação totalmente legítima. Como diria o novo ministro Ciro Nogueira, não há problema nenhum em mudar de opinião.

Mas vai até aqui copiando outro prócer do centrão do Congresso brasileiro, o presidente da Câmara, Arthur Lira, aquele que não diz nem sim nem não para a montanha de pedidos impeachment em suas mãos. Lá como cá, vai-se tocando de lado para ver no que dá.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.