O Comitê Olímpico Internacional resolveu fingir que não tem que deliberar sobre os três protestos políticos explícitos ocorridos em pódios de Tóquio.
Para lembrar:
1) No domingo (1º), a arremessadora de peso americana Raven Saunders cruzou os braços ao receber a medalha de prata. Ela assumiu publicamente que se tratava de um protesto político, em defesa das pessoas oprimidas pelo planeta.
2) No mesmo dia, o esgrimista americano Race Imboden apareceu no pódio com um ostensivo X pintando na mão com que segurou a medalha de bronze. Ele também assumiu publicamente que se tratava de um protesto político, em nome da solidariedade e também em defesa das pessoas oprimidas.
3) Na segunda-feira (2), as ciclistas chinesas Bao Shanju e Zhong Tianshi receberam seus ouros com pins de Mao Tse-Tung. O COI pediu explicações ao comitê nacional. Como se sabe, Mao é um dos fundadores do agora centenário Partido Comunista Chinês, e não propriamente um nome ligado ao olimpismo.
Dado que são três expressões de opinião, duas delas já legendadas pelos autores, é difícil entender o que tanto o COI precisa fazer de investigação antes de chegar a uma conclusão.
No caso de Saunders, o comitê diz ter suspendido o processo por causa da morte da mãe da atleta. Em relação aos dois outros dois, silêncio.
O COI poderia muito bem resolver dizer que não vê mais problema em haver protesto político nos Jogos e anular de vez esse trecho do capítulo 50 da Carta Olímpica. Seria uma nova orientação totalmente legítima. Como diria o novo ministro Ciro Nogueira, não há problema nenhum em mudar de opinião.
Mas vai até aqui copiando outro prócer do centrão do Congresso brasileiro, o presidente da Câmara, Arthur Lira, aquele que não diz nem sim nem não para a montanha de pedidos impeachment em suas mãos. Lá como cá, vai-se tocando de lado para ver no que dá.
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