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Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

Viva o esportista negro

E se todos os negros resolvessem abandonar o esporte por não aguentar mais o racismo?

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O time feminino de futebol do Corinthians é um acontecimento, uma força da natureza. Na semifinal da Libertadores –eu disse na semifinal, não na pré-Libertadores–, a equipe apelidada de "as Brabas" venceu o Nacional, do Uruguai, por 8 a 0. OITO A ZERO, que, segundo os matemáticos, é mais que 7 a 1.

No entanto, a manchete do atropelo brasileiro foi mais um caso de racismo. Ao marcar o sexto gol, de pênalti, Adriana foi chamada de "macaca" por uma rival. O time ficou indignado, enquanto Adriana voltava quase às lágrimas para o meio-campo. A arbitragem não fez nada.

Lewis Hamilton ergue o punho após vitória no GP da Áustria, em julho de 2020 - Joe Klamar - 12.jul.2020/Reuters

De acordo com o site do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, com esse, já são 51 casos de racismo envolvendo o futebol brasileiro só em 2021. Considerando que estamos em novembro, esse número vai ultrapassar fácil a marca de um caso por semana.

Curioso que nem todos os casos vão a julgamento nos tribunais desportivos. Muitos param no "ele disse, ele disse".

Esses números só mostram o momento de fracasso que vivemos enquanto sociedade. O Observatório, aliás, observa outros casos de discriminação além da racial, como homofobia ou xenofobia.

O racismo, que é crime, deveria ser extirpado de qualquer segmento, mas no esporte ele parece fazer menos sentido ainda. Imagine o seu time, o que você torce no Brasil, sem nenhum jogador negro: ficou mais forte ou mais fraco?

Nesta semana um craque do críquete, de origem paquistanesa, revelou no Reino Unido que o racismo estragou sua carreira –ele jogava por um time inglês e abandonou o esporte precocemente.

E se todos os negros resolvessem abandonar o esporte por não aguentar mais o racismo?

Que tal o Brasil sem Neymar, Vinicius Jr., Marquinhos, Fred, Casemiro, Gerson e cia?

Que tal um Brasileiro sem Gabriel Barbosa, Bruno Henrique, Weverton, Keno, Jair, Gabriel Sara, Miranda, Marinho etc? Tem graça?

No dia 9 de novembro será divulgado o melhor jogador do mundo, a tal Bola de Ouro. Não sei quem vai ganhar, mas o melhor jogador do mundo há uns três anos não é Messi, ou Cris Ronaldo ou Lewandovski, é um jogador negro, e muçulmano, Mohammed Salah, do Liverpool.

Que tal assistir à maravilhosa Champions League sem Salah, Mané, Lukaku, Rashford, Mbappé, Ansu Fati, Sané, Kanté, Pogba, Depay, além de muitos outros?

E a F1? Lewis Hamilton provou em Interlagos no fim de semana passado que pode entrar em qualquer lista dos melhores de todos os tempos –recebeu a bandeirada da negra Rebeca Andrade, a maior ginasta da história do Brasil. Este não é o primeiro ano de destaque de Hamilton na categoria. O primeiro de seus sete títulos foi em 2008.

Com tanto sucesso, para quem Hamilton abriu as portas? Quantos pilotos negros apareceram na F1? Nenhum. Quantos mecânicos negros estão na F1? Em entrevista para Mariana Becker, na Band, o piloto inglês disse que estão tentando melhorar a diversidade dentro de sua equipe. Mesmo tendo o maior piloto da atualidade engajado na causa, a Mercedes conseguiu aumentar apenas de 3% para 6% a presença de negros no estafe. Não acredito que nas outras equipes, sem um Hamilton, a situação seja melhor.

Por isso, às vésperas do Dia da Consciência Negra, este jornalista branco, cujos maiores ídolos do esporte são negros, torce pela conscientização do esportista branco, do jogador branco, do torcedor branco, do juiz branco, do dirigente branco… Todos os dias.

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