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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Pelo estilo, derrota do Santos foi a vitória dos perdedores

Cresceu a sensação de que o estilo santista é o futebol que a maioria quer ver

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De vez em quando, brinco com o "titês". Sei que Tite não gosta. O "titês" é parte da nova linguagem do futebol, como mostraram muito bem, no domingo (7), os jornalistas da Folha Bruno Rodrigues e Toni Assis.

A nova linguagem é ampla e rebuscada. Alguns exemplos: "externos desequilibrantes" (pontas que driblam), "propor o jogo" (ter o domínio da bola), "jogo reativo" (de contra-ataques), "futebol apoiado" (de troca de passes), "dar amplitude" (ter um jogador aberto de cada lado), "marcação alta" (adiantada) e "marcação baixa" (recuada). Há ainda as expressões da moda, como "atacar a bola", "atacar o espaço", "espetar o passe", "jogo espetado", "oportunizar" e tantos outros.

As palavras da nova terminologia são como um código técnico, como em todas as profissões. Às vezes, são feitas para não serem entendidas. Outras vezes, encobrem a falta de clareza, de conhecimento, e a incapacidade de explicar os detalhes técnicos e táticos do que acontece durante o jogo.

Muitos treinadores, jovens ou veteranos, estudiosos, sérios, adotam discursos modernos, mas que não correspondem à realidade. André Jardine, ex-técnico do São Paulo e, agora, da seleção brasileira sub-20, dizia, antes das partidas, que o time iria jogar um futebol apoiado, trocar muitos passes, propor o jogo, ser um time compacto. Tentava, mas o que se via em campo eram chutões, jogadas aéreas, enormes espaços entre os setores e outros vícios medíocres, acumulados durante longo tempo, que os técnicos, mesmo quando desejam, não conseguem se ver livres.

Há também os treinadores mais veteranos, com uma linguagem moderna, que, mesmo atualizados, só acreditam no que um dia deu certo. Esses são os piores.

Neste meio de semana, recomeçou a Copa Libertadores, com suas incertezas e contradições. No Campeonato Brasileiro do ano passado, quando o Palmeiras só vencia, escrevi que, em muitas daquelas partidas, não havia superioridade, mas que os gols saíam no momento certo. Quando não há essa imposição técnica, aumentam muito os riscos de a bola, de repente, em vez de bater na trave e entrar, começar a sair.

É o que tem ocorrido nas três últimas partidas. Não vi nenhuma diferença importante na maneira de jogar e na qualidade coletiva do ano passado.

Atlético-MG e Grêmio precisam vencer para terem chance de classificação. O Galo precisa definir melhor uma estratégia de jogo. É um time irregular e que depende de espasmos individuais. No Grêmio, Renato Gaúcho tirou Luan, para que se recupere fisicamente. Ou foi por motivos técnicos, ainda mais que Renato tem grande esperança no jovem Jean Pyerre?

O futebol e, especialmente, a política brasileira, de todos os lados, vivem de contradições. Somos todos contraditórios, uns mais que os outros. Ser independente, um observador neutro e ter bom senso, tornou-se raro.

Vitória dos perdedores

O Santos sufocou o Corinthians durante os 90 minutos no Pacaembu. Ganhou por 1 a 0 e só não fez mais por causa de Cássio e pela falta de um atacante de talento. Não se justifica Rodrygo entrar só no segundo tempo.

Enquanto isso, o Corinthians se classificou jogando todo atrás, dando chutões, sem conseguir trocar dois passes, pois o Santos tomava a bola com facilidade.

Após a partida, cresceram a sensação e a convicção, fora os que querem apenas torcer e os resultadistas, de que o estilo do Santos é o futebol que a maioria quer ver. Foi uma vitória dos perdedores.

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