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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Importação de milho cresce, mas pandemia torna mercado incerto

Compras do cereal vêm da Argentina e do Paraguai e somam 358 mil toneladas no 1º tri

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Maior exportador mundial de milho no ano passado, o Brasil acelera as importações neste ano. Foram 358 mil toneladas no primeiro trimestre, o segundo maior volume para o período desde 2001.

Essas importações ocorreram devido ao temor que os grandes grupos tiveram, no final do ano passado, da falta do cereal neste início de ano. O Brasil exportou demais e houve um atraso no plantio da safra.

Não contavam, até então, com dois fatores que mudariam sensivelmente o mercado de milho: a queda do petróleo e a rápida evolução do coronavírus pelo mundo.

Os temores de escassez de milho do final do ano passado não se confirmaram. A safra brasileira deverá ser recorde e superar 100 milhões de toneladas.

Lavoura de milho no norte do Paraná. - Mauro Zafalon - 15.jul.19/Folhapress

A grande dúvida é como estarão as demandas interna e externa após a pandemia, segundo Leonardo Sologuren, analista do setor. Essa crise, ao contrário das anteriores, está afetando todos os países, e praticamente ao mesmo tempo.

O Brasil vai depender do mercado externo, mas, apesar do câmbio favorável às exportações, a competitividade do produto brasileiro não está garantida no mercado mundial.

A brusca queda do preço do petróleo já fez três dezenas de usinas de etanol fecharem as portas nos Estados Unidos, diz Sologuren.

Os americanos utilizam o milho para a produção do combustível, e os preços derivado do cereal ficam menos competitivos do que os da gasolina, devido à queda do óleo.

Além disso, surgiu o avanço rápido do coronavírus nos EUA, forçando a população a se isolar e a consumir menos combustível. O resultado será uma utilização menor de milho para a produção de etanol e uma disponibilidade maior do cereal para exportações.

Para Sologuren, os preços de Chicago serão uma incógnita no segundo semestre. Além disso, não se sabe o tamanho do colapso mundial e como vai ficar o consumo de proteínas. O milho é um componente importante na produção de rações.

O cenário dos Estados Unidos se repete, em menores proporções, no Brasil. A perda de competitividade do etanol para a gasolina, inibirá o consumo do cereal para a produção do combustível.

Vlamir Brandalizze, também especialista no setor de milho, afirma que o temor de escassez do cereal das grandes empresas não se confirmou. Algumas delas, inclusive, estão com estoques garantidos até junho.

O preço já começa a ceder, mas descerá de um patamar elevado para um patamar bom, o que ainda garante lucro aos produtores, afirma.

Brandalizze não acredita, porém, em mudanças bruscas de preços. Com a pandemia, os consumidores estão buscando alimentos mais confiáveis como leite, ovos e carnes, deixando de lago as comidas exóticas.

Com isso, a demanda por milho, que poderá cair em países como os Estados Unidos, crescerá na Ásia, mantendo um equilíbrio mundial entre oferta e demanda, próximo de 1,1 bilhão de toneladas.

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