Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Trigo e hortifrútis podem ser gargalo de oferta no país com o coronavírus

Desacerto no mercado externo poderá dificultar as exportações, mas não tanto a oferta para o mercado interno

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O Brasil tem uma característica bem diferente da de outros países, quando se trata de abastecimento interno de alimentos.

Um possível desacerto no mercado externo, como ocorre agora com o avanço do coronavírus pelo mundo, poderá dificultar as exportações, mas não tanto a oferta de produto para o mercado interno.

O país, porém, não deverá passar ileso de eventuais problemas no abastecimento de alimentos. A cada ano a safra de grãos bate novo recorde, mas os maiores avanços são sempre de produtos destinados ao mercado externo, como soja e milho.

Consumidor em seção de hortifrútis em supermercado em São Paulo - Rubens Cavallari - 25.mar.20/Folhapress

Os dados atuais de estoques de produtos básicos são suficientes, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), mas estão bastante ajustados. Alguns produtos vão depender do desempenho do mercado internacional. O dólar na faixa de R$ 5 tornou os alimentos brasileiros bastante atrativos no mercado internacional.

Um deles é o arroz. O cereal nacional é um dos mais baratos no mundo atualmente, equiparado apenas ao da Índia, de menor qualidade.

A safra 2019/20, que está se encerrando, mostrou, pelo terceiro ano seguido, um volume próximo de 10,5 milhões de toneladas, abaixo dos 12,5 milhões de anos anteriores.

O consumo é equivalente à produção nacional, mas o Brasil deverá exportar 1 milhão de toneladas. Se o volume de importação se igualar ao de exportação, o país termina o ano com estoques suficientes para apenas 18 dias.

Os preços, que estão em alta, vão depender da renda do consumidor neste período de coronavírus.

O cenário é de uma redução no poder de compra das classes de renda mais baixa, mas mais consumidores da classe média virão para os produtos básicos.

O feijão não depende do mercado externo, mas mantém produção e consumo com previsões estáveis e ajustadas. Se tudo correr bem com a próxima safra, os estoques finais serão suficientes para um mês de consumo, tomando-se como base os dados da Conab.

Um dos gargalos do país é o trigo. O Brasil produz apenas 44% do que consome, e o restante deverá ser suprido com produto que virá, principalmente, da Argentina. Com o real desvalorizado, o custo das importações será maior.

Outro gargalo da oferta virá dos hortifrútis. Os produtores menores terão dificuldades de produção e de venda e dependem de uma ação eficaz do governo.

A base de vendas desses produtos, principalmente a rede escolar, foi interrompida, e as famílias de baixa renda não têm suporte financeiro para adquirir esses itens.

A oferta de produtos básicos pode ser suficiente para o consumo, mas os preços, pelo menos em uma primeira fase, devem subir, inclusive o das proteínas básicas.

O IGP (Índice Geral de Preços) da FGV aponta alta no atacado de 19% no farelo de soja e de 5% no milho, dois itens essenciais na produção de ração, mas que estão na lista dos exportáveis do Brasil.

O efeito do coronavírus na economia vai determinar o comportamento da demanda e dos preços dos básicos.

Fungo Cientistas brasileiros concluíram o sequenciamento genético de um fungo que atua como inimigo natural de lagartas que atacam a soja, o milho e o algodão.

Biológicos O sequenciamento do fungo Metarhizium rileyi, conhecido entre os produtores de soja como doença branca da lagarta-da-soja, abre espaço para o desenvolvimento de novos produtos biológicos para as lavouras.

Máquinas As vendas de tratores subiram 10% em março, em relação a igual período de 2019. Já as de colheitadeiras recuaram 34%.

Emprego O quadro de trabalhadores no setor de máquinas caiu para 18,7 mil, 4% menos que um ano antes.

Longe da média Os preços dos produtos agropecuários no atacado acumulam alta de 15,6% em 12 meses, segundo o IGP-DI, da FGV.

Acelerados Apenas no mês passado, a alta foi de 4%, atingindo 5% nos três primeiros meses do ano.

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