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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Safra de cana quebra, açúcar tem preço recorde na usina e consumidor paga mais

Produção cai 10%, forçando alta da saca de açúcar para R$ 131, uma evolução de 60% em 12 meses

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São Paulo

Seca e geadas provocam intensa queda na produção de cana no país, elevando os preços do açúcar para patamar recorde no mercado interno.

A colheita, prevista em maio último em 628 milhões de toneladas, deverá ficar em 592 milhões na safra 2021/22, segundo estimativas divulgadas nesta quinta-feira (19) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

A produtividade, estimada em 74,6 toneladas de cana por hectare, em maio, foi revista para 71,8 nesta quinta. Tanto a produção de cana como a produtividade serão inferiores também às da safra 2020/21.
A Conab lista vários fatores para essa redução de desempenho dos canaviais. A área cultivada foi menor, devido à concorrência de milho e de soja, que estão com preços em patamares recordes.

Além disso, os novos dados, segundo o órgão, já incorporam os efeitos climáticos da seca e das recentes geadas de junho e de julho.

Os efeitos foram tão severos que deverão interferir também na produção da próxima safra, a de 2022/23.

A região Sudeste é uma das mais afetadas. A área de cultivo foi reduzida em 6,6% e a produção terá recuo de 13,3%. São Paulo, principal produtor, teve queda de 8% na área cultivada e somará recuos de 8,5% na produtividade e de 15,7% na produção de cana, segundo a Conab.

Analistas de entidades ligadas ao setor de cana acreditam, porém, que a retração deverá ser ainda maior no centro-sul do que a prevista pelo órgão do governo. Eles acrescentam que, além da seca e das geadas, há um aumento das queimadas nos canaviais, provocadas pelo clima seco.

Os números de quebra deverão ficar mais perto da realidade só a partir do final de agosto, quando as usinas terminam a colheita das áreas que sofreram geada, segundo eles.

Com uma tendência mais açucareira, esta safra deverá produzir 36,9 milhões de toneladas de açúcar, 10,5% a menos do que em 2020/21. São Paulo fica com 22,7 milhões, com queda de 13%.

A produção de etanol de cana recua para 25,9 bilhões de litros, 13% menos do que na safra anterior. Deste total, 16 bilhões serão de álcool hidratado.

Plantação de cana-de-açúcar no município de Borá, região centro-oeste do Estado de São Paulo - Alf Ribeiro - 23.mar.2019/Folhapress

Já a produção de etanol de milho sobe para 3,4 bilhões de litros, acima dos 3 bilhões anteriores.
Com o recuo de produção neste ano, as exportações do setor, que foram recordes em 2020, já apontam queda no acumulada desta safra, iniciada em abril.

A redução da produção de açúcar já chega ao bolso do consumidor. A saca de 50 quilos está sendo negociada no patamar recorde de R$ 131 em São Paulo, com evolução acumulada de 12% neste mês e de 60% nos últimos 12.

Apenas nos últimos 30 dias, o produto subiu 5,4% nos supermercados de São Paulo, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Já o etanol hidratado foi para R$ 3,23 por litro nas usinas, com aumento de 6% neste mês. Nos últimos 12, o aumento acumulado é de 81%.

Peso no bolso Ipea e Cepea divulgaram, nesta quinta-feira (19), números que mostram o porquê de a renda do consumidor estar tão apertada. No setor de grãos, os aumentos médios do primeiro semestre deste ano foram de até 79%, em relação a igual período de 2020. 

Grãos A liderança nos aumentos acumulados fica para a soja, que subiu 79% no período. A seguir vieram milho (77%), arroz (55%), café (41%) e trigo (40%).

Carnes No setor de proteínas, a carne de boi acumulou alta de 54% no primeiro semestre, em relação a 2020, seguida pelas de suíno e de frango, ambas com 37% no período. O leite teve aumento de 42%.

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