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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Acendeu a luz amarela, e indústria de carne avalia que 2022 será desafiador

Executivos do setor atribuem os principais entraves a juro, desemprego, inflação e perda de renda do consumidor

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A indústria de carne, que ainda tem um sério problema para resolver neste ano, devido à demora da China em voltar a importar carne bovina brasileira, vê o ano de 2022 como desafiador.

Alta de juros, inflação, desemprego e baixa renda dos consumidores colocam o setor em alerta.

Ricardo Faria, presidente do conselho da Granja Faria, afirmou nesta quarta-feira (27), no AgroForum do BTG Pactual, que o cenário interno preocupa porque juros mais elevados dificultam investimentos, e a renda do consumidor não permitirá recomposição de margens.

Para Faria, esse cenário afeta principalmente produtores que têm animais confinados, que geram custos maiores. Ele cita a aceleração dos gastos na produção de ovos orgânicos, de ovos caipiras e de aves soltas.

Na avaliação dele, a situação é crítica e o setor vive um dos piores momentos na relação de troca, principalmente com a subida dos preços do milho.

Ele avalia, no entanto, que os custos do próximo ano serão menores, devido à estimativa de uma supersafra de grãos no país. Os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam uma produção recorde, próxima de 290 milhões de toneladas.

O próximo ano, segundo o executivo, acende uma luz amarela e será um ponto de interrogação, principalmente no mercado interno.

Frigorífico da Seara em Lapa (PR) - Pedro Ladeira-21.mar.2017/Folhapress

Miguel Gularte, diretor-presidente da Marfrig para a Amércia do Sul, diz que o importante é que o fundamento básico do setor, a demanda, vai continuar acima da oferta, tanto no mercado interno como no externo.

Gularte concorda com Faria, no entanto, de que 2022 será um ano desafiador, devido ao ritmo fraco da economia.

O cenário econômico interno, mesmo com o auxílio de R$ 400 prometido pelo governo, dificilmente promoverá mudanças nas condições de renda do consumidor, tendo em vista o desemprego elevado e a inflação alta.

O setor continuará crescendo porque o país abre novos mercados. Para o executivo da Marfrig, as exportações são importantes, e o dólar ajudará nas vendas externas.

Além disso, o Brasil exportará para países que já estão em recuperação econômica, principalmente os asiáticos, que detêm 50% das importações mundiais de carne bovina. Entre eles, o executivo cita China, Hong Kong e Coreia do Sul, importantes para o mercado brasileiro.

Para Edison Ticle, diretor financeiro da Minerva Foods, a economia interna e o baixo poder de compra do consumidor leva a indústria a um não investimento.

O mercado interno está bastante fraco e a inflação poderá demorar para recuar. Será um ano de uma economia não pujante, de eleições e de volatilidade.

Quanto ao momento atual, ele avalia que a demora chinesa na retomada de importações se deva a dificuldades comerciais, ruídos políticos internos e estoques acumulados recentemente.

O retorno vai acontecer. Não dá para prever quando, mas será em breve. Claro que a carne poderá servir de moeda de troca nas negociações comerciais, afirma ele.

O setor de carne bovina ficou animado com as informações que circularam nesta terça-feira (26) de que a China havia permitido o primeiro desembarque de carne parada nos portos do país. A informação, porém, estava equivocada, segundo o Ministério da Agricultura. Por ora, não houve nenhuma liberação.

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