Sou do tempo em que Toblerone era suíço e se podia confiar nele
Marca vai perder status suíço porque sua controladora, Mondelez International, vai transferir produção para a Eslováquia
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Sou do tempo em que um Toblerone era um Toblerone. O Toblerone era o chocolate suíço para quem ainda não tinha idade para chocolates suíços.
Mas era suíço. Podia-se confiar nele. Se nos quisessem impingir uma das muitas imitações que havia – um Torricone ou um Tablettone–, podíamos invocar as Convenções de Genebra e aparecia imediatamente um São Bernardo com um Toblerone familiar preso à coleira, pronto para nos ressarcir.
Agora já não é assim. Como conta Samuel Santos no PÚBLICO, os Toblerones já não são feitos em Berna e, como tal, já não podem ter um urso no rótulo. Ah, pois.
Os Toblerones também não podem continuar a descrever-se como "Of Switzerland", porque –como é que eu hei-de dizer isto?– são fabricados na Eslováquia.
Dirão os petizes que "chocolate eslovaco" não puxa tanto pelas glândulas salivares como "chocolate suíço". Mas, antes que rapem duma tablette Milka para adoçar a boca depois desta amargura, convém ter em mente que também a Milka é fabricada na velha Eslováquia chocolateira, sob o plácido olhar das icónicas vaquinhas eslovacas.
A verdade é que tanto a Toblerone como a Suchard pertencem à multinacional americana Mondelez, que até 2012 se chamava Kraft, nome daquele delicioso queijo que legalmente nem sequer se pode chamar queijo.
E não é só a Toblerone. Pensava que o chocolate da Cadbury era inglês? Não, é mondelês. E as pastilhas Halls? São inglesas? Não, são mondelesas. E o chocolate Green & Black? Esse é com certeza inglês. Não, é mondelês.
E a Côte d’Or? É chocolate francês? Não, é mondelês. E o fermento Royal? Mondelês. E as bolachinhas Lu? E as Tuc? E as bolachas de água e sal da Jacob’s? É tudo mondelês, amiga.
Felizmente Johann Jakob Tobler já está morto desde 1905. Cabe-nos a nós, de espírito aberto, experimentar os Toblerones eslovacos e tentar esquecer os suíços, porque já não existem.
Ou não será melhor passar já para o bom chocolate declaradamente eslovaco, como o da Lyra?
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters