Mortes: Descendente de libaneses, ela foi elo entre as gerações da família
Josefina valorizava os costumes e a gastronomia árabe e era enciclopédia da família
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Durante muitos anos os membros da família Sader mantiveram como tradição reunirem-se nos almoços de domingo na casa de Jorge Rachid e Amélia Abbs Rachid. Os encontros, que chegaram a reunir mais de 40 pessoas, eram regados por muitas conversas, risadas e comida árabe — eles eram natural do Líbano. As receitas repassadas por gerações formavam o cardápio.
Anfitriã em boa parte dessas reuniões, Josefina Sader, a Fina, como era chamada pelos mais próximos, representava uma peça-chave. Nascida em Ariranha, no interior paulista, ela cresceu na casa dos avós depois que a mãe veio para São Paulo devido a morte do marido.
Radicaram-se no bairro Tatuapé, que era o polo das reuniões familiares. Muito atenta e com boa memória, Fina guardava detalhes de acontecimentos ao longo de décadas. Colecionava não só o que presenciara, mas também muitas histórias que a mãe e os avós lhe contaram.
Com o tempo ela acabou virando uma referência, um elo entre as gerações. “Era a enciclopédia da família. Sabia os nomes, as datas dos eventos importantes, dos aniversários. Foi um acervo vivo da família e das tradições. Tinha uma memória fabulosa”, lembra a prima Liliane Rachid.
Não à toa que ela passou horas relatando várias histórias que entraram para a pesquisa genealógica de outro primo, Eduardo Bueno, que transcreveu boa parte das experiências num livro e conseguiu traçar novas conexões familiares.
Ela valorizava os costumes e a gastronomia árabe. Muito habilidosa na cozinha, sabia uma infinidade de pratos sem precisar de consulta. Chegou a ditar para Liliane um livro inteiro de receitas.
“Ela era muito comunicativa, tinha sempre um sorriso no rosto e um brilho no olhar”, lembra a prima Cristina.
Fina morreu em 15 de dezembro, no dia em que completou 76 anos, por complicações da diabetes. Deixa primos, três sobrinhos e um sobrinho-neto.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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