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Descrição de chapéu Obituário Ernesto José de Avelino Rodrigues (1963 - 2024)

Mortes: Uma câmera na mão e muita música na cabeça

Apaixonado pelo jornalismo, Ernesto Rodrigues gostava de música, de cozinhar e de estar com os amigos

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São Paulo

Morto no último domingo (28) aos 60 anos em decorrência de um câncer no fígado, Ernesto Rodrigues (ou Netão, como era mais conhecido) foi um dos mais talentosos repórteres fotográficos de sua geração.

Ernesto Rodrigues durante cobertura esportiva em 2014. Jornalistas usaram tapa-olho em protesto contra a decisão da Justiça de ter culpado o fotógrafo Alex Silveira por ter perdido a própria visão ao ser atingido por uma bala de borracha lançada pela PM durante um protesto - Arquivo pessoal

Contudo, o começo profissional apontara em outra direção. Ao sair do ensino médio, fora estudar direito em Piracicaba (SP). A tendência natural era seguir a profissão do pai, Tércio Rodrigues, um destacado advogado em Santa Bárbara D’Oeste (SP), sua terra natal.

Não chegou a terminar o curso. Em 1987, prestou vestibular para cursar jornalismo na Unesp de Bauru. Ali encontrou a vocação que determinaria os rumos de sua vida: o fotojornalismo. Com uma câmera Zenit na mão, fez os primeiros ensaios no trem que ligava Santa Bárbara a Bauru.

Pelé é retratado através de suas sombras durante evento em São Paulo - Cortesia/Estadão

Ainda estudante, deu início à carreira no Diário de Bauru. Em 1991, se arriscou na capital. Tornou-se mais um dos "pescadores", o grupo de jovens que tentava uma chance na equipe de fotografia do extinto Diário Popular, comandada por João Habenchus, o Peixe.

Flagrante feito nas ruas de São Paulo - Arquivo pessoal

Trabalhou novamente no Diário de Bauru e passou pela sucursal da Folha em Ribeirão Preto até chegar à Redação da Folha da Tarde. Participou ainda da criação do Agora.

À esquerda da foto, de camisa branca, Netão corre ao lado do homem armado. Foto de André Porto retratou o assassino de La Costa - Folhapress

Atuou pelo jornal O Estado de S. Paulo de 2002 a 2013 e novamente pelo Grupo Folha de 2013 a 2017. Notabilizou-se como grande fotógrafo esportivo. Pelo Estado de S. Paulo, cobriu a Copa de 2006.

Ronaldinho Gaúcho após eliminação do Brasil na Copa da Alemanha, em 2006 - Cortesia/Estadão

Além de seu trabalho nas Redações, desenvolveu pesquisa fotográfica sobre os romeiros em Juazeiro do Norte (CE).

Netão também era um cozinheiro de mão cheia. Seu capeletti in brodo fazia frente a qualquer um. Adorava receber os amigos em casa e cozinhar ou mesmo armar uma churrasqueira, bebericar e bater um papo ouvindo música.

As habilidades culinárias não surgiram da noite para o dia. Mantinha a sete chaves seu maior tesouro: um fantástico livro de receitas da mãe, Aliciene Avelino.

Nos últimos anos, produzia e vendia hambúrgueres em Santa Bárbara D’Oeste.

Da mãe, que era professora de artes, também herdou o ouvido e o conhecimento musical. Eclético, ouvia desde Mozart até BaianaSystem. Gostava muito de jazz, blues e rock, estilos que recheavam sua coleção de discos. Também era fã do cinema de Jim Jarmusch.

Ao saber que seria pai, decidiu largar o tabagismo —em abril de 2008, nasceu a filha Sofia, a maior paixão de sua vida.

Iggy Pop durante show em São Paulo no ano de 2005 - Cortesia/Estadão

Sentia-se realizado quando passeava com sua Harley-Davidson. Seu mantra era: "gosto do vento no rosto e da liberdade do horizonte". Por trás da expressão sisuda, estava um cara brincalhão, dono de uma gargalhada inconfundível.

Netão pilota sua Harley-Davidson pelas ruas da Vila Buarque - Arquivo pessoal

Bon-vivant, não dispensava um festerê. Mas, se o chamassem para ajudar a fazer uma mudança ou até encher uma laje, ele estaria lá. Tinha a qualidade de aglutinar pessoas e fazer amigos. O próximo dia 4 de agosto seria seu aniversário. Aposto que vai ter festa no céu.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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