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Descrição de chapéu Coronavírus

Veja histórias de aposentados que morreram de Covid-19 no Brasil

Mais de cem familiares enviaram foto de calçados à Folha para representar a perda de parente ou amigo; Brasil registrou mais de 200 mil mortes pela doença

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São Paulo
ANTÔNIO ASSIS DE AMORIM (1938-2020) - Arquivo pessoal

ANTÔNIO ASSIS DE AMORIM, 82, bancário, Petrolina (PE)

Assis era um bancário aposentado. Trabalhou sua vida toda no Banco do Nordeste e era um entusiasta da sua cidade natal. Um homem sério, com um coração sempre pronto para ajudar. Seu sorriso conquistava todos. Era conhecido por sua honestidade e retidão. Nos finais de tarde, gostava de reunir os amigos na praça perto de sua casa para conversar. Deixa a esposa Almerinda Soares de Amorim, com quem completou bodas de ouro, cinco filhos, três netos e três bisnetos. Usava os sapatos acima para ir à missa e a festas.


MARIA JOSÉ GALDINO (1950-2020) - Arquivo pessoal

MARIA JOSÉ GALDINO, 70, autônoma, São Paulo (SP)

Maria viveu para criar e cuidar das duas filhas sozinha. A autônoma aposentada estava sempre alegre e gostava de valorizar as pequenas coisas da vida. Quando não estava ocupada com os afazeres domésticos, gostava de ir à igreja.

Foi internada e intubada em 4 de julho e morreu nove dias depois.


JOSÉ DE RIBAMAR TORRES DA SILVA (1953 - 2020) - Arquivo pessoal

JOSÉ DE RIBAMAR TORRES DA SILVA, 66, engenheiro, Belém (PA)

José era engenheiro agrônomo e professor aposentado da Universidade Federal do Acre. Nasceu em Belém (PA), constituiu família e construiu sua carreira profissional no Acre. Sempre de Alpargatas, fez do seu trabalho a sua vida, contribuindo para a formação de incontáveis alunos.

Quando acreditou que era o momento de se aposentar e voltar à cidade natal, o sonho durou pouco. Ficou menos de um mês em Belém e morreu em 22 de abril de 2020. Deixou a esposa, cinco filhos e cinco netos.


PAULO AÉCIO PIMENTA DE CASTRO (1961-2020) - Arquivo pessoal

PAULO AÉCIO P. DE CASTRO, 59, soldador, São Paulo (SP)

Carioca, Paulo mudou-se para a capital paulista jovem, onde encontrou emprego como soldador na metalúrgica em que trabalhou por 27 anos até janeiro de 2020, quando se aposentou. Era a hora de ter mais tempo com os seis filhos. Esperava ansioso pela chegada do oitavo neto, que será batizado com o seu nome. Não deu tempo também de fazer a sonhada viagem a Natal (RN) no fim do ano.


MARCOS CEZAR DA SILVEIRA (1963-2020) - Arquivo pessoal

MARCOS C. DA SILVEIRA, 57, motorista, Canoinhas (SC)

O motorista de ônibus Marcos Cezar se esforçava para que não faltasse nada para os filhos e familiares. Fazia amizade com facilidade em todos. Motorista, aposentou-se depois de 33 anos atrás do volante. Não se contentava em ficar em casa e, quase todo fim de semana, se reunia com amigos para compartilhar histórias.

O par de sapatos acima rodou muitos quilômetros nos pés de Marcos.


PAULO EIZEN YAMAGUTI (1945-2020) - Arquivo pessoal

PAULO EIZEN YAMAGUTI, 75, administrador, São Paulo (SP)

Nos últimos 20 anos, Paulinho morou em Manaus e Manicoré (AM), mas, por complicações do mal de Alzheimer, voltou a São Paulo, onde vivem os filhos. O administrador aposentado gostava de pescar, jogar futebol e dançar. Foi em um bailinho que conheceu Luiza, sua esposa. Vivia em uma casa de repouso na Mooca onde não perdeu o apetite. Comia três bananas antes do almoço e encarava uma feijoada.

O par de tênis acima foi o mais usado nos últimos anos.


JOSÉ JOAQUIM CORREIA DE MATOS (1935-2020) - Arquivo pessoal

JOSÉ JOAQUIM DE MATOS, 85, comerciante, São Paulo (SP)

Bisavô, José Joaquim levava a vida com leveza. Aposentado, depois de anos de trabalho em padarias e bares, dedicava-se à família e às caminhadas. Espalhava bom humor ao seu redor. O sapato escolhido representa sua leveza e humildade e estava sempre presente em suas caminhadas e passeios, já que ele preferia um par confortável a calçados modernos e estilosos.


MARIA DAS GRAÇAS ROCHA DA SILVA (1955-2020) - Arquivo pessoal

MARIA DAS GRAÇAS SILVA, 65, oficial de justiça, Rio de Janeiro (RJ)

Não importava a distância, Maria das Graças dormia e acordava perto da família. Tomava café da manhã com mensagens de bom dia dos dois netos e, sempre que possível, saía para vê-los. Formada em letras e direito, foi oficial de Justiça no Rio. Com a aposentadoria, pôs em prática o gosto pelo paisagismo, que a mantinha ocupada.


ARDUÍNO HEITOR MORANDO (1937-2020) - Arquivo pessoal

ARDUÍNO H. MORANDO, 83, serralheiro, Brodowski (SP)

Arduíno era o último menino de Portinari vivo. O quadro, da série “Meninos de Brodowski’’, era o seu maior orgulho —tinha uma réplica em casa. Lembrava-se, como se fosse ontem, do dia em que foi retratado por Candido Portinari, há 74 anos. O serralheiro aposentado foi vizinho da casa do pintor, mais tarde transformada no museu do qual Arduíno não arredava os pés.


GABRIEL ARAÚJO DE LACERDA (1940-2020) - Arquivo pessoal

GABRIEL A. DE LACERDA, 80, advogado, Rio de Janeiro (RJ)

Gabriel era um advogado tributarista que sempre trabalhou muito. Saía todos os dias cedo, de terno e sapato social, e voltava só tarde da noite. Gostava de comer e de se vestir bem. Depois de aposentado, deixou de lado os sapatos sociais e se dedicou mais aos livros que gostava de escrever, especialmente para o público infantojuvenil, aos netos e aos jogos de xadrez.


JOSÉ MARIA BARBOSA (1947-2020) - Arquivo pessoal

JOSÉ MARIA BARBOSA, 73, mecânico, Guarulhos (SP)

Mecânico aposentado, José Maria adorava fazer móveis de madeira na garagem de sua casa. O objetivo não era ganhar dinheiro —vendia só se alguém se interessasse. Gostava também de ir à praia. O mineiro, nascido em Formigas, estava fazendo quimioterapia para tratar uma leucemia. Deixa duas filhas, a esposa e o neto. Nos casamentos da família, usava os sapatos da foto.


JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA (1940-2020) - Arquivo pessoal

JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA, 80, maître, Ribeirão Preto (SP)

Avesso à informatização e aos celulares, José Antônio nunca deixou de ler jornal impresso. Sempre bem informado, escrevia resumos das notícias que lia para amigos e familiares. Maître aposentado de um clube, não gostava de agito e preferia ficar em casa, sempre com um pequeno rádio na orelha, sintonizado na frequência AM para escutar o sertanejo raiz do qual era fã.


JOÃO CAMELO CALDAS (1950-2020) - Arquivo pessoal

JOÃO CAMELO CALDAS, 70, técnico, Vila Velha (ES)

Nascido e criado no interior do Maranhão, com pouco dinheiro, João aprendeu sozinho a falar inglês, formou-se técnico de telecomunicações e fez questão de que os três filhos estudassem. Mudou-se para a capital capixaba e, aposentado, viajou, aprendeu francês e estudou espanhol. Não via a hora de ir ao aeroporto e colocar em prática o que havia aprendido.


EVANDRO VANDERLEI DA FONSECA (1957-2020) - Arquivo pessoal

EVANDRO V. DA FONSECA, 63, operário, Mauá (SP)

Operador de empilhadeira aposentado, descrito pelo filho como “um homem de coração gigante, determinado e amoroso”, Evandro tinha como lema “viver e ser livre”. Adorava caminhar e estar ao lado da família em churrascos e comemorações. Nascido em Santo André (Grande SP), um dos seus programas favoritos era ir a São Roque experimentar vinhos.


DEOMAR EINHARDT GARCIA (1951-2020) - Arquivo pessoal

DEOMAR E. GARCIA, 68, guarda-noturno, Pelotas (RS)

Deomar vivia em Pelotas, cidade em que trabalhava como guarda noturno antes de se aposentar há pouco mais de dois anos. Aproveitou a aposentadoria para se dedicar mais à casa e à horta, onde cultivava bergamota, laranja e pêssego. Alegre e prestativo, Deomar era casado, tinha duas filhas e três netos. A família considera o sapato retratado acima como uma forma de mantê-lo presente.


ODAIR APARECIDO DA SILVA (1951-2020) - Arquivo pessoal

ODAIR A. DA SILVA, 69, auxiliar de serviços gerais, Ribeirão Preto (SP)

Odair era aposentado, mas continuava trabalhando para garantir o sustento da casa. Perdeu o emprego no início da pandemia e, pela primeira vez, conseguiu descansar e assistir à TV com uma cerveja na mão, ao lado da esposa, com quem vivia havia 46 anos. Deixa três filhos — dois deles tatuaram o amor que sentiam pelo pai.


SINITI MORIMOTO (23/01/1945-13/08/2020) - Arquivo pessoal

SINITI MORIMOTO, 75, empresário, São Paulo (SP)

Empresário aposentado, Siniti gostava de ficar com os cinco netos na praia, pescando e comendo sashimi. Torcia para o Corinthians e costumava assistir aos jogos na televisão. Quando estava sozinho, lia jornal e fazia palavras-cruzadas. Após cinco meses isolado, pegou o transporte público para ir a consultas médicas de rotina e, mesmo com máscara e face shield, se infectou com o vírus. Era hipertenso, diabético e tinha diagnóstico do Mal de Alzheimer.


AGENOR PARIZI (1948 - 2020) - Arquivo pessoal

AGENOR PARIZI , 72, motorista, Parisi (SP)

Morou durante toda a vida em Parisi, cidade fundada pelos próprios avós, em São Paulo. Era amigo de todos e gostava de festas. Sorria muito e sempre dizia que era uma pessoa feliz. Em todas as datas especiais era o sapato preto que ele usava, o que se sentia bem e confortável. “Ele tinha os pezinhos gordinhos, então esse encaixava certinho nos pés dele”, conta a esposa, Elena Ferreira Borges. Deixou três filhos, três netos e a esposa, Elena, com quem foi casado por 17 anos.

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