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Descrição de chapéu The New York Times tênis

Árbitro envolvido em polêmica com Serena volta às quadras nesta sexta

Carlos Ramos atuará no confronto entre Croácia e EUA pela Copa Davis

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O árbitro português Carlos Ramos, durante evento promocional do confronto entre Croácia e Estados Unidos, da Copa Davis de tênis em Zagreb (CRO), nesta quinta-feira (13) - Antonio Bronic/REUTERS

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Christopher Clarey
Nova York | The New York Times

Não se sabe quando Serena Williams vai voltar ao tênis depois de seu confronto com o juiz de cadeira Carlos Ramos durante sua derrota para Naomi Osaka na final feminina de simples do Aberto dos Estados Unidos, sábado.

Mas Ramos, que recebeu tanto críticas severas quanto apoio veemente depois da partida, voltará ao trabalho em Zadar, Croácia, na sexta-feira, para a semifinal de três dias entre os Estados Unidos e a Croácia na Copa Davis.

Katrina Adams, presidente da Associação de Tênis dos Estados Unidos (USTA), que criticou a arbitragem de Ramos na final do Aberto dos Estados Unidos, está na Croácia e deve assistir aos jogos. Mas Jim Courier, o capitão da equipe americana, disse não ver problema no retorno de Ramos à cadeira.

"Carlos é experiente e nossa equipe o respeita", disse Courier. "Não prevemos problemas com a arbitragem no final de semana".

Ramos, um dos mais experientes árbitros do tênis, foi escalado para a semifinal da Taça Davis mais de um mês atrás. Dirigentes da Federação Internacional de Tênis (ITF) disseram na quarta-feira que uma mudança de escalação não foi discutida.

Mas afirmaram ter conversado com Ramos para garantir que ele estava disposto a voltar ao trabalho depois do incidente em Nova York, no qual Ramos aplicou três penalidades a Williams por violação de código, a terceira das quais custou um game à tenista no final de sua derrota diante de Osaka por 6-2, 6-4.

A tenista americana Serena Williams discute com o árbitro português Carlos Ramos, durante a final feminina do Aberto dos Estados Unidos - Julian Finney - 8.set.2018/Getty Images/AFP

Os árbitros de cadeira que trabalham nos torneios da tour de tênis são proibidos, pelas regras do esporte e contratualmente, de discutir publicamente as partidas em que eles ou seus colegas trabalham. Mas o português Ramos, 47, fez um breve comentário ao jornal português Tribuna Expresso, na terça-feira.

"Estou bem, considerada as circunstâncias", disse Ramos, de acordo com o jornal. "A situação é delicada, mas não existe arbitragem à la carte. Não se preocupem comigo".

Mas havia preocupação entre os árbitros por conta da falta de apoio imediato a Ramos da parte dos dirigentes do tênis.

A primeira penalidade contra Williams foi por contato indevido com seu treinador, e Patrick Mouratoglou, o técnico da tenista, admitiu que havia tentado se comunicar com ela por meio de sinais com as mãos.

A segunda aconteceu quando ela pisoteou uma raquete, e a terceira foi por agressão verbal, quando a tenista chamou Ramos de "ladrão" por uma penalidade que lhe custou um ponto.

Williams disse que o sexismo havia influenciado a situação, afirmando que os tenistas homens tinham mais latitude para discutir com os árbitros.

Steve Simon, presidente-executivo da WTA, que comanda o tênis feminino, divulgou um comunicado no qual expressava apoio indireto à afirmação de Williams, dizendo que "não deveria haver diferença nos padrões de tolerância oferecidos quanto a emoções expressas por homens ou mulheres".

Adams, em declaração à rede de esportes ESPN no dia posterior à partida, também se queixou de duplicidade na aplicação das regras, embora tenha moderado sua posição em uma entrevista à rede de TV CBS na terça-feira.

"Em última análise, Serena poderia ter lidado com a situação de modo um pouco diferente", disse Adams. "Ela é passional, e estava se pronunciando. E creio que, quanto a Ramos, ele foi um pouco defensivo àquela altura, e estava irritado, quando em vez disso poderia ter assumido a posição de que estava tudo bem e era hora de voltar ao jogo".

Críticas como essa a um juiz de cadeira, da parte das organizações que comandam o tênis, são altamente incomuns.

"O que me entristece é que essas duas organizações do esporte tenham colocado em questão o trabalho do árbitro, e que não tenham expressado apoio a Carlos ou aos árbitros em geral", disse Enric Molina, antigo juiz de cadeira de tênis e diretor de arbitragem da ITF e hoje agente de atletas.

"Creio que seja responsabilidade das autoridades defender o que é certo para o esporte, e a arbitragem sustenta diversos dos bons valores do nosso esporte: equanimidade, espírito esportivo, respeito e assim por diante".

"Eles tiveram uma boa oportunidade de colocar esses valores em destaque, e de enviar a mensagem certa aos torcedores. Trabalho com tenistas e admiro Serena por ser uma grande campeã e um exemplo para muitos atletas, mas desta vez ela não agiu certo. E não há problema nisso; é algo que a torna mais humana", ele disse.

Williams posteriormente foi multada em US$ 17 mil (R$ 70 mil) pela direção do torneio, por conta das três punições, e a ITF divulgou um comunicado no qual expressou apoio às três decisões de Ramos e defendeu seu "profissionalismo e integridade".

Mas o comunicado só surgiu na segunda-feira, quase 48 horas depois do final da partida, porque os dirigentes estavam discutindo o texto.

A demora não caiu bem, para muitos árbitros, e o jornal londrino "The Times" reportou que, entre diversas opções, eles estavam considerando recusar trabalhar nas partidas de Williams até que ela se desculpe com Ramos.

Também houve discussão renovada sobre a possibilidade de criar um sindicato de árbitros e de indicar um porta-voz dos árbitros nos grandes torneios, para quando surgirem disputas ou confusão - "como existe em outros esportes, para explicar as regras e decisões", disse Molina.

A USTA está considerando mudar seu sistema no ano que vem, e também pode permitir que um repórter entreviste o juiz de cadeira em situações como essas.

Molina e outros antigos árbitros disseram na quarta-feira que um boicote aos jogos de Williams era altamente improvável.

"Eu colocaria a mão no fogo para dizer que essa ideia não veio de árbitros profissionais", disse o espanhol Felix Torralba, antigo juiz de cadeira premiado da WTA Tour. "Pode ser que esse comentário tenha surgido em uma sala ocupada por pessoas relacionadas à arbitragem, mas ele não deve ter vindo de pessoas que trabalham na tour, de árbitros internacionais. Eu duvido que isso possa ter acontecido. Conversei com colegas. Não acredito que isso tenha acontecido".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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