Mulher bolsonarista com taco de beisebol inflamou ânimos em manifestação
Em depoimento, jornalista conta que apoiadora de Bolsonaro bateu boca com torcedores
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Integrantes de diferentes torcidas organizadas dos quatro grandes clubes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) organizaram ato pró-democracia na avenida Paulista neste domingo (31), que acabou em conflito com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a Polícia Militar.
De folga, o jornalista Fernando Tadeu Moraes, 35, editorialista da Folha, passava pelo local no momento da confusão. Em depoimento, ele conta o que viu.
Cheguei à avenida Paulista por volta das 13h15.
A quadra onde fica o Masp estava tomada por manifestantes em defesa da democracia e contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido), convocados por diversas torcidas organizadas de clubes da capital. Duas quadras distante dali, reunia-se um pequeno grupo de apoiadores do presidente.
Entre eles, policiais. Um cordão de PMs de coletes fluorescentes isolava cada um dos grupos.
Mas voltados para o lado em que estavam os torcedores havia também um batalhão da Tropa de Choque. Esses policiais estavam organizados em duas fileiras, ostentavam escudos negros, capacetes e alguns tinham armas em punho. Atrás deles, uma dúzia de SUVs paradas com alerta luminoso acionado.
O clima dos manifestantes desse lado, no entanto, parecia tranquilo. No máximo ouvia-se brados contra o presidente e o fascismo. Via-se grande diversidade etária e racial.
Os bolsonaristas eram poucos mas faziam o seu barulho. Nos cerca de 20 minutos que fiquei lá, ouvi palavras de ordem, impropérios e vi os tradicionais cartazes contra o Supremo Tribunal Federal, o "sistema" e a favor do presidente. Ali, quase todos eram brancos e mais velhos, a partir da meia-idade.
Num determinado momento, alguns bolsonaristas mais exaltados tentaram furar o cordão policial em direção ao MASP. Foram contidos pelos PMs e por outros manifestantes. Tudo isso ocorreu por meio da conversa, sem que houvesse qualquer violência, como imagino que deveria ser.
Quando voltei para o lado dos torcedores, por volta das 14h15, vi que começava um bate-boca entre os manifestantes e uma mulher de máscara da bandeira americana e com um taco de beisebol na mão no qual se lia "rivotril". Os ânimos se inflamaram. Policiais cercaram a mulher e começaram a conduzi-la para o outro lado. Embora mantendo certa distância, um grupo de torcedores começou a ir na mesma direção.
A resposta veio imediatamente. Bombas de gás lacrimogêneo estrondearam. Confusão, correria. Depois, o estampido seco de balas de borracha. Era a hora de sair.
Fernando Tadeu Moraes, 35, é editorialista da Folha
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