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Descrição de chapéu Futebol Internacional

O que se sabe até agora sobre a criação da Superliga europeia

Torneio que reúne 12 clubes já está suspenso antes mesmo da primeira edição

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São Paulo

A criação da Superliga europeia, competição elaborada por 12 dos mais ricos e poderosos clubes do futebol no continente, agitou o noticiário esportivo mundial desde que foi comunicada, no último domingo (18).

Contudo, dois dias após o anúncio, a nova competição já está suspensa depois de sofrer intensa pressão de outros clubes da Europa, das federações nacionais e internacionais e também de torcedores pelo continente.

Nesta terça-feira (20), os seis clubes ingleses que faziam parte do grupo fundador da competição informaram suas desistêcias: Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham. Milan, Inter de Milão e Atlético de Madrid seguiram o mesmo caminho.

“Dadas as atuais circunstâncias, devemos reconsiderar os passos mais apropriados para remodelar o projeto, sempre tendo em mente nossos objetivos de oferecer aos torcedores a melhor experiência possível e ampliar os pagamentos de solidariedade a toda a comunidade do futebol”, diz o comunicado publicado pela Superliga nesta terça.

Inicialmente, a ideia dos 12 clubes era que a nova competição pudesse substituir a Champions League como torneio internacional a ser disputado nos meios de semana, entre as datas reservadas a ligas e copas nacionais.

Cachecóis de Barça, Atlético e Real Madrid à venda em loja de Barcelona. Os três são fundadores da Superliga - Nacho Doce/Reuters

O grupo busca maiores receitas e defende que o novo campeonato teria jogos mais atraentes do que os disputados atualmente nas principais competições da Uefa (Champions e Europa League).

Houve também muitos protestos contra a iniciativa, de federações, atletas e torcedores. Um dos argumentos é o de que a nova competição causaria grande impacto na distribuição de poder e dinheiro do esporte, asfixiando os clubes médios e pequenos.

Quem são os participantes da Superliga?

Arsenal (ING), Atlético de Madrid (ESP), Barcelona (ESP), Chelsea (ING), Inter de Milão (ITA), Juventus (ITA), Liverpool (ING), Manchester City (ING), Manchester United (ING), Milan (ITA), Real Madrid (ESP) e Tottenham (ING) foram os 12 clubes fundadores da competição.

Essas agremiações pretendiam adicionar mais três clubes a esse grupo de fundadores do torneio. Essas 15 equipes teriam participação fixa na Superliga.

Entretanto, apenas dois dias após o anúncio da criação do torneio, todos os clubes ingleses já pularam fora do projeto: Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham. Milan, Inter de Milão e Atlético de Madrid seguiram o mesmo caminho.

Qual o formato de disputa?

A competição teria 20 clubes. Além dos 15 fundadores, outros cinco seriam definidos com base no desempenho em competições da temporada anterior.

Os times seriam divididos em dois grupos, com dez equipes cada um e jogos de ida e volta dentro da chave.

Os quatro melhores de cada grupo se classificariam para um mata-mata, também com duelos de ida e volta. A decisão, assim como acontece hoje na Champions League e na Europa League, ocorreria em partida única, com sede neutra previamente definida.

Qual a justificativa para a criação do torneio?

Dinheiro. Os clubes fundadores afirmaram que a criação da Superliga era fundamental para a recuperação financeira dessas instituições, seriamente impactadas pela pandemia da Covid-19.

De acordo com o grupo que lidera a criação do torneio, a estimativa é de que o montante a ser dividido entre eles, apenas na primeira temporada, seria de 3,5 bilhões de euros (cerca de R$ 23,4 bilhões). A instituição financeira americana JP Morgan financiaria o projeto.

Ao colocarem frente a frente alguns dos principais times da Europa e do mundo, os organizadores pretendiam faturar alto com a venda dos direitos de transmissão, patrocínios e bilheteria. O valor arrecadado seria repartido entre os clubes do grupo e não precisaria ser dividido entre times ou ligas menores, como faz a Uefa com a redistribuição dos ganhos com suas competições.

Quais os clubes que se posicionam contra desde o início?

Entre os mais poderosos da Europa, os alemães Bayern de Munique (ALE) e Borussia Dortmund (ALE) se manifestaram publicamente contrários à criação da Superliga europeia.

"O Bayern não esteve envolvido nos planos para a criação da Superliga. Estamos convencidos de que a estrutura atual do futebol garante fundações seguras. O Bayern aprecia as reformas na Champions League porque acreditamos que elas são os passos corretos para o desenvolvimento do futebol europeu", disse o CEO do clube bávaro, Karl-Heinz Rummenigge.

O presidente do Dortmund, Hans-Joachim Watzke, afirmou que " ambos os clubes alemães representados na diretoria da Associação Europeia de Clubes, Bayern de Munique e Borussia Dortmund, estão 100% de acordo com relação a essas discussões."

Paris Saint-Germain (FRA) e Porto (POR) foram clubes que, desde o início, se distanciaram da proposta de participarem do novo torneio.

“Houve contatos informais de alguns clubes, mas não demos grande atenção por duas razões. A primeira é que a União Europeia não permite que haja um circuito fechado de jogos como na NBA, por exemplo. Estando a Federação Portuguesa de Futebol contra isso, e fazendo ela parte da Uefa, não podemos participar numa coisa que é contra os princípios e regras da União Europeia e da Uefa. Estamos na Champions e esperamos continuar a estar por muitos anos”, afirmou o presidente do clube português, Jorge Nuno Pinto da Costa.

Outras agremiações, como as 14 equipes da Premier League que não estão contempladas na Superliga, se colocaram contrárias à criação da competição.

O que Uefa e Fifa dizem sobre isso?

A Uefa se posicionou de maneira contundente contra a criação da Superliga. Em comunicado publicado com anuência das ligas nacionais que têm clubes envolvidos na nova competição, a entidade que comanda o futebol europeu citou, inclusive, a possibilidade de tentar evitar judicialmente a realização do torneio.

"A Uefa, a FA inglesa, RFEF, FIGC, a Premier League, a La Liga, a Lega Serie A, mas também a Fifa e todas as nossas associações-membro permanecerão unidas em nossos esforços para impedir esse projeto cínico, um projeto que se baseia no interesse próprio de alguns clubes em um momento em que a sociedade precisa de solidariedade mais do que nunca. Vamos considerar todas as medidas à nossa disposição, em todos os níveis, judiciais e esportivos, para evitar que isso aconteça", afirmou a Uefa.

Presidente da entidade, o esloveno Aleksander Ceferin subiu o tom nesta segunda-feira (19) e criticou os dirigentes que lideraram a criação da competição.

Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, foi duro em suas declarações contra a criação da Superliga - Richard Juilliart/AFP

Florentino Pérez, presidente do Real Madrid (ESP), é também o presidente da Superliga. Um de seus vices é o atual mandatário da Juventus (ITA), Andrea Agnelli, que abandonou a presidência da Associação Europeia de Clubes para se juntar à Superliga.

"Nós não sabíamos que existiam cobras trabalhando perto de nós, mas agora sabemos", disse Ceferin.

A Fifa também se colocou a respeito da iniciativa dos 12 clubes e pediu diálogo para não haver ruptura na estrutura do futebol europeu.

"A Fifa sempre defende a unidade no futebol mundial e apela a todas as partes envolvidas nas discussões acaloradas para que se envolvam em um diálogo calmo, construtivo e equilibrado para o bem do futebol e no espírito de solidariedade e jogo justo. Faremos, obviamente, tudo o que for necessário para contribuir para um caminho harmonizado no interesse geral do futebol."

Os clubes da Superliga podem sofrer alguma punição?

A Uefa admitiu que poderia punir os clubes envolvidos na Superliga caso eles seguissem com o plano de disputar a competição. Entre as punições discutidas estavam a exclusão ou rebaixamento em torneios nacionais e internacionais e a proibição de que jogadores das equipes envolvidas na Superliga atuassem por suas seleções nacionais.

Havia previsão de uma Superliga feminina?

Não. No comunicado divulgado pelos organizadores, os 12 clubes citaram a intenção de organizar ama Superliga feminina, mas não colocaram nenhum prazo ou informação adicional a respeito da organização do torneio das mulheres.

"Assim que viável após o início da competição masculina, uma liga feminina correspondente também será lançada, ajudando no avanço e desenvolvimento do futebol feminino", se limitou a dizer o comunicado.

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