Flamengo arremata terreno do Gasômetro e quer construir estádio até 2029
Clube foi o único participante do leilão e arrematou o terreno que pertencia a fundo da Caixa por R$ 138 milhões; banco tentou reverter venda na Justiça
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O Flamengo venceu leilão público nesta quarta-feira (31) e arrematou o terreno do Gasômetro, no centro do Rio de Janeiro, onde pretende construir um estádio próprio. O lance foi de R$ 138,1 milhões. O pagamento deve ser realizado em até cinco dias após a publicação do resultado do leilão.
O terreno, localizado em São Cristóvão, pertencia ao Fundo de Investimento Imobiliário da Caixa Econômica Federal e foi desapropriado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) em junho.
O Flamengo planeja o início das obras de seu estádio no primeiro semestre de 2025 e a inauguração em 15 de novembro de 2029, aniversário do clube. A área tem pouco mais de 86 mil metros quadrados. O desejo é construir uma arena para 80 mil pessoas.
O edital de licitação estipulou como obrigatoriedade a implementação de um estádio, o que amarrou o leilão a favor do Flamengo. A Caixa conseguiu uma liminar na Justiça do Rio no início da semana para suspender o leilão, sob o argumento de que a desapropriação pelo município, apesar de juridicamente legal, favoreceu o clube em relação a outros possíveis licitantes. O banco também entende que o terreno vale mais do que o lance mínimo estipulado.
Nesta quarta, a Justiça Federal derrubou a liminar da Caixa e concedeu à prefeitura a autorização para o leilão.
A Caixa Econômica Federal não comenta o caso publicamente. Dirigentes do Flamengo, contudo, acreditam que o banco deve ir novamente à Justiça para suspender a compra.
O Flamengo foi o único a apresentar proposta e arrematou o Gasômetro pelo lance mínimo de R$ 138,1 milhões.
Estiveram presentes no leilão o prefeito Eduardo Paes, o deputado federal Pedro Paulo (PSD) e o presidente do Flamengo Rodolfo Landim, além de dirigentes do clube. Pedro Paulo, ainda cotado para vice na chapa de Paes à reeleição em outubro, é tratado pelo prefeito como "padrinho político" do projeto.
"Um estádio do Flamengo é bom pra cidade. Estamos fazendo uma transformação urbana fundamental pro Rio no Porto Maravilha. Desde o início, buscamos trazer equipamentos icônicos para o local e esse estádio será muito bom para o Rio", disse o prefeito Eduardo Paes.
O Flamengo também terá eleições para presidente este ano. Rodrigo Dunshee de Abranches, outro presente no leilão, é o candidato de Landim.
"Sabemos do impacto positivo que uma notícia dessa pode trazer para o nosso torcedor. Sendo o clube de futebol com maior torcida, maior paixão do país, o limite é o céu. Tudo é possível para o Flamengo", afirmou Landim.
Dirigentes presentes no leilão usavam camisas do Flamengo com o número 29 nas costas. O clube deseja inaugurar o estádio em 2029.
Mas até agora o Flamengo não apresentou publicamente um projeto de arena, nem um estudo viabilidade econômica para a construção. Dirigentes acreditam que a venda do nome do estádio para uma empresa poderá bancar parte da obra, mas ainda não apresentou interessados, nem valores.
A Caixa tinha a expectativa de negociar o terreno com o mercado imobiliário. A previsão do banco era que o Gasômetro pudesse ser desmembrado e vendido em quatro partes para construção de empreendimentos residenciais de até 37 pavimentos.
Uma área em frente ao Gasômetro foi comprada pela prefeitura para a construção do terminal Gentileza, conexão entre ônibus, VLT e BRT, inaugurado em março. O estádio, se de fato construído, ficará diante do maior eixo de transporte da cidade.
A prefeitura estabeleceu com o Flamengo um projeto de melhoria viária e reformulação dos passeios públicos e do sistema de transporte. As partes também trataram da criação de um centro de convenções e um estacionamento acoplado a um prédio comercial. Um plano para a mobilidade da região ainda não foi apresentado.
"O Flamengo tem todo interesse de fazer uma bela parceria com a prefeitura e o edital já dá diversas diretrizes importantes", afirmou Dunshee.
Urbanistas afirmam que um estádio na região pode gerar problemas graves no trânsito da capital e da região metropolitana.
O principal problema apontado é de tráfego. O terreno a ser adquirido pelo clube carioca fica ao lado da rodoviária do Rio de Janeiro e no encontro entre as principais vias do Rio: avenida Brasil, Linha Vermelha e ponte Rio-Niterói.
Essas vias conectam a capital aos municípios da Baixada Fluminense, a Niterói e a São Gonçalo. Fazem ainda ligação com outros estados. O fluxo diário de caminhões, carretas e ônibus é intenso.
A área onde o Flamengo pretende construir o novo estádio abrigou por quase cem anos a central de armazenamento de gás do Rio de Janeiro. O Gasômetro foi desativado em 2006, por conta da substituição do gás manufaturado pelo gás natural.
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