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'Torço para que esse resultado nos dê uma estrutura como a do futebol', diz técnica de Rebeca Andrade

Com o pódio das quatro atletas na seleção brasileira em Paris-2024, coordenadora vislumbra patrocínio independente

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Rio de Janeiro

Berço de estrelas da ginástica artística, o Flamengo fez história nos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris com quatro das cinco ginastas na equipe brasileira feminina.

Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira são as representantes rubro-negras, que ajudaram a elevar o Brasil ao patamar mais alto da modalidade na competição mundial. Apenas a paranaense Julia Soares não é contratada do clube.

Juntas, as atletas garantiram uma medalha inédita na final por equipes, quando conquistaram o bronze.

Além do pódio histórico, Rebeca Andrade levou o ouro no individual geral de solo. A atleta do Flamengo também se tornou a maior medalhista mulher da história olímpica brasileira, ao ganhar sua quarta medalha, a de prata, no individual geral.

Ginastas treinam no ginásio do Flamengo, local de treino da medalhista olímpica Rebeca Andrade - Folhapress

Com o desempenho das ginastas, o departamento de esportes olímpicos do clube já espera a volta das atletas ao Rio de Janeiro para renovar o contrato, que vence em dezembro de 2024, como afirmou a coordenadora e técnica do time de ginástica artística do clube, Georgette Vidor.

"O Flamengo quer, vai depender da vontade delas. Mas eu não acredito que elas queiram sair. Primeiro porque aqui elas têm estrutura, e segundo porque todas têm uma história com o clube e vestem a camisa", afirmou Georgette.

Além do salário do Flamengo, as ginastas do time contam hoje com a bolsa atleta, e patrocinadores individuais. As ginastas Flávia, Jade e Lorrane, são militares da aeronáutica.

Contratada pelo Flamengo desde os anos 1980, Georgette Vidor é responsável por revelar, há quatro décadas, nomes como os de Jade Barbosa, Flávia Saraiva e Rebeca Andrade. Também foram suas pupilas: Luísa Parente, Daniele Hypólito e Daiane dos Santos, que deixaram legado no clube e no esporte brasileiro.

Responsável pela formação de quase 50 meninas da ginástica artística do Flamengo hoje, a treinadora diz esperar que os pódios conquistados nas olimpíadas mudem a realidade da modalidade no clube.

"O time de futebol e o de basquete do Flamengo tem uma estrutura fenomenal, que a gente inveja muito. Torço para que esse resultado que as meninas trouxeram nos dê uma estrutura pelo menos perto disso. Com, por exemplo, salários maiores para os treinadores", disse.

Segundo Georgette, o maior salário entre os treinadores do time rubro-negro hoje chega em torno de R$ 9.000, enquanto os clubes estrangeiros oferecem o equivalente a R$ 20.000.

Ainda de acordo com a técnica, o Flamengo tem em torno de 900 atletas entre todos os esportes, que dividem uma mesma equipe multidisciplinar.

"Isso não é só com a gente, é uma realidade de todos os clubes do Brasil, que sofrem com a mesma dificuldade. Então, a ginástica está torcendo para ter seu patrocínio próprio, porque eu tenho muita menina boa dentro do Flamengo, mas eu preciso de uma estrutura que só a confederação tem hoje", afirmou Georgette, que já atuou como coordenadora da seleção brasileira de ginástica artística feminina de 2009 a 2016.

"É um custo muito alto para os clubes. O Flamengo gasta muito com a ginástica, no sentido do que ele proporciona. É o clube que tem o maior número de treinadores, só na equipe feminina são seis, no total, sendo quatro treinadores, um coreógrafo e uma estagiária. E tem eu de sobra", completou.

As condições no Flamengo, de acordo com a coordenadora, melhoraram a partir de 2013, com a gestão de Eduardo Bandeira de Mello. "Ele acabou com os atletas de elite, mandando nomes como Jade Barbosa e os irmãos Hypolito embora. Foi horrível para gente. Mas, querendo ou não, isso resolveu a situação financeira do clube. Depois, com a casa arrumada, nossos atletas puderam voltar", contou Georgette.

Para a técnica, apesar das dificuldades, o Flamengo possui uma estrutura mais completa em relação aos demais clubes no país, com ginásio próprio e equipe de treinadores renomados.

Georgette avalia ainda que a nova geração é atraída pelos nomes das atuais estrelas da ginástica. Além disso, o fato de o centro de treinamento do Flamengo ser no Rio de Janeiro, onde também está o CT da confederação brasileira, facilita a logística dos futuros ginastas.

Hoje a rotina de treino das atletas olímpicas no Flamengo ocorre em parceria com a confederação. O técnico da Seleção Brasileira, Chico Porath manda a tarefa que as ginastas devem executar, e elas fazem com o auxílio dos treinadores do clube rubro-negro.

Atualmente, o Flamengo tem 47 meninas, com idades a partir dos cinco anos. A mais velha é Jade Barbosa, com 34 anos.

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