'Ceci n'est pas une pipe' de Magritte vira 'Isto Não É uma Cenoura' em livro infantil
Famoso quadro 'A Traição das Imagens' inspira brincadeiras em que legume esconde animais e até pernas bronzeadas da vovó
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
A ideia de um livro de 40 páginas sobre cenouras talvez agrade aos adultos, ainda mais aos que adoram salada, mas fazer sucesso com as crianças, ah, isso é impossível. (Tudo bem que cenouras são gostosas, mas 40?!). Acontece que isto não é uma cenoura, nem aquilo, nem aquilo outro. E o livro, que parecia ser uma coisa, no fim das contas é outra completamente diferente.
O próprio nome dele já diz: "Isto Não É uma Cenoura" (editora Miolo Mole). Na verdade, esta cenoura é um dinossauro. E, olhando bem, esta outra cenoura aqui também não é uma cenoura, mas, sim, o narigão do Juraci.
A obra, criada pelo cartunista Caco Galhardo e pela escritora Luana Vignon, é inspirada em um quadro famoso de um pintor chamado René Magritte. Ele nasceu na Bélgica em 1898. Em 1929, criou "A Traição das Imagens", uma arte com o desenho de um cachimbo e, embaixo, a frase "Ceci n’est pas une pipe" (Isto não é um cachimbo, em tradução livre).
O quadro se tornou um dos mais admirados de Magritte e é um ícone da pintura moderna. Pode parecer bobo que algo assim tão simples, e que diz que uma coisa não é essa coisa que todo mundo está vendo, faça tanto sucesso. Acontece que nas artes é assim que funciona: os significados e mensagens das obras às vezes estão nas entrelinhas e é preciso pensar um pouco para entender (e gostar).
"A Traição das Imagens", que inspira a cenoura de hoje, sugeria às pessoas que a imagem de uma coisa não é a coisa em si. Tipo uma foto sua, que não é exatamente você, mas uma representação sua.
Magritte ainda fez seu quadro parecido com as propagandas daquela época, usando letras desenhadas como as dos comerciais que vendiam produtos. E isso fez de "A Traição das Imagens" um negócio ainda mais louco para a cabeça de seus apreciadores.
Enquanto no quadro de Magritte o cachimbo era um cachimbo, mas ao mesmo tempo não era, em "Isto Não É uma Cenoura" os desenhos de Caco Galhardo são e não são um legume. Ao virar a página, o leitor descobre que as pernas bronzeadas da vovó e quatro flamingos cochilando são muito, muito parecidos com uma cenoura.
Assim como Magritte, os autores do livro gostam de paradoxos (coisas que contrariam as ideias comuns) e de brincar com a percepção das pessoas. Dizia-se que o pintor belga tinha "espírito travesso", tipo o de algumas crianças e de alguns adultos que não deixaram de ser crianças nunca. São estes os leitores que mais vão curtir a brincadeira de "Isto Não É uma Cenoura".
TODO MUNDO LÊ JUNTO
Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters