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Por que monstros aparecem em tantas histórias, filmes e desenhos animados?

Essas criaturas nos ajudam perceber coisas que não vemos sobre nós mesmos

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São Paulo

Uns moram embaixo da cama, outros vivem dentro do armário e há até aqueles que habitam a floresta. Às vezes eles são roxos, de pele gosmenta. Mas podem também ser todos peludos, como um urso. Em geral, têm olhos esbugalhados, dentes pontudos, rabos compridos. Alguns têm até chifres e expelem fogo pelas narinas.

Pode reparar que os livros, os filmes e os desenhos animados estão cheios deles. São os monstros. Mas por que será que eles estão em todo lugar?

Ilustração de "Onde Vivem os Monstros", de Maurice Sendak - Reprodução

Bom, para começar, contamos histórias sobre monstros há muito tempo. E até hoje tem adulto que fala que existe alguma criatura estranha rondando por aí —e, pode apostar, quem diz isso a crianças quer assustá-las para ver se elas assim obedecem.

Asas, escamas, garras, mil olhos... A bizarrice de um monstro vai até onde alcança a imaginação humana.

Sempre que topamos com algo misterioso, que não tem explicação, a nossa mente produz monstros. Quem estuda mitologia, que é o conjunto de lendas de uma comunidade, nota que muitos povos falam de seres gigantescos que criaram o mundo ou o espreitam. Na Bíblia, há o leviatã, que é como um peixe enorme que teria uma boca impressionante, cheia de dentes.

E por que será que dinossauros nos fascinam? Será que é porque esses bichos enormes, que um dia viveram no planeta, se parecem com monstros?

"A gente gosta de sentir medo. E, de alguma forma, todos nós temos dentro da gente essa coisa selvagem, monstruosa", diz o escritor e ilustrador Guilherme Karsten, que acaba de lançar o seu segundo livro com esse assunto, "Você Dorme como um Monstro?".

Kartsen faz parte de uma longa linhagem de autores que escreveram livros sobre criaturas monstruosas. Em 1818, a inglesa Mary Shelley publicou "Frankenstein", sobre aquela figura criada a partir de retalhos de gente morta. E o irlandês Bram Stoker lançou em 1897 a obra "Drácula", sobre um certo conde da Transilvânia que gosta de morder pescoços.

As duas obras fizeram tanto sucesso que viraram filmes e desenhos animados inspirados nesses personagens e em outros como múmias, lobisomens e monstrengos do pântano.

No mundo dos livros para crianças, não dá para deixar de falar do americano Maurice Sendak, que escreveu "Onde Vivem os Monstros", em 1963. A obra, sobre um garoto irrequieto chamado Max, que vira rei de um punhado de criaturas fantásticas, é um dos maiores clássicos da literatura infantil.

No final da trama, Max se cansa dos seus súditos monstros e volta para casa, onde o jantar preparado por sua mãe o espera. É uma história sobre como não podemos deixar que nosso lado selvagem dê as cartas da nossa vida.

E esse é um ponto fundamental para entendermos para que servem os monstros. Eles são um espelho distorcido do que nós todos somos —afinal, todos carregamos algum aspecto monstruoso dentro de nós mesmos.

Dá para pensar também em "O Grúfalo", de Julia Donaldson e Axel Scheffler, outro clássico. Nele vemos um ratinho que se safa de vários predadores (uma raposa, uma coruja e uma cobra) dizendo-se amigo do tal Grúfalo, que tem "garras terríveis" e "espinhos pelas costas".

Deu para entender? O rato menciona um monstro como estratégia para não ser devorado pelos outros animais. Ou seja, a imagem do Grúfalo assusta os predadores e é também o reflexo da astúcia e da coragem do pequeno roedor.

É um pouco como na animação "Monstros S.A.". No filme de 2001 existe um grupo de seres fantásticos cuja missão é assustar crianças —acontece que eles também tem medo delas, já que creem que humanos podem matar os monstros. A confusão gira em torno do contato entre essas duas espécies, uma espelho da outra: os monstros e as pessoas.

Cena do filme de animação "Monstros S.A.", dos estúdios Disney e Pixar. - Reuters

Tá vendo por que todos nós temos um pouco de monstro dentro da gente?

O Grúfalo
A história gira em torno de um ratinho que pode virar jantar dos predadores da floresta. Mas como ele é muito esperto, vai enganando todos eles ao dizer que é amigo de um tal Grúfalo, uma criatura assustadora, com garras e espinhos. Até que uma hora o próprio monstro aparece...

Autoria: Julia Donaldson e Axel Scheffler. Trad.: Gilda de Aquino. Ed.: Brinque-Book. R$ 59,90 (32 págs.)

Monstro Azul
Em "Monstro Rosa", a escritora espanhola Olga de Dios já havia contado a história de um certo ser colorido que se sentia deslocado por viver num mundo sem cor. Em "Monstro Azul" ela fala de outra criatura monstruosa e meio solitária, que não quer brincar do jeito como brincam os seus amigos.

Autoria: Olga de Dios. Trad.: Monica Stahel. Ed.. Boitatá. R$ 55 (40 págs.)

Onde Vivem os Monstros
No clássico escrito pelo americano Maurice Sendak, acompanhamos a história do bagunceiro Max, que se aventura por um mundo fantástico e acaba se tornando rei de criaturas assustadoras. Mas o jantar que sua mãe preparou o espera quentinho em casa. Será que ele vai voltar?

Autoria: Maurice Sendak. Trad.: Heloisa Jahn. Ed.: Companhia das Letrinhas. R$ 79,90 (48 págs.)

Você Dorme como um Monstro?
Na continuação de "Você É um Monstro?", o autor e ilustrador catarinense Guilherme Karsten apresenta às crianças um bicho verdinho que usa pijama, travesseiros e se recusa a dormir embaixo da cama, que é o lugar natural de todos os monstros como ele.

Autoria: Guilherme Karsten. Trad.: Érico Assis. Ed. HarperKids. R$ 49,90 (40 págs.)

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