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'Segunda Chamada', da Globo, ecoa atual momento de cortes na educação do país

Com Débora Bloch, série retrata dramas de adultos que decidem voltar para a escola

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São Paulo

A palavra “procedural” pode não ser familiar ao telespectador brasileiro. Mas o que ela descreve, certamente é —aqueles seriados baseados na rotina de um ambiente profissional, geralmente hospitais (“Plantão Médico”), delegacias de polícia (“The Wire”) ou escritórios de advocacia (“Law & Order”).

No Brasil, um exemplo do estilo é “Sob Pressão”, série da Globo que se passa num hospital público do Rio de Janeiro. Agora o mesmo canal prepara seu primeiro “procedural” numa área diferente, a educação. 

Batizada “Segunda Chamada” e toda rodada em São Paulo, a série com estreia marcada para outubro foi inspirada pela peça “Conselho de Classe”, de Jô Bilac, e foi criada por ele, Carla Faour e Julia Spadaccini. 

A obra marca a estreia na direção artística de Joana Jabace, um nome em ascensão na Globo, que trabalhou com Amora Mautner na direção de novelas como “Avenida Brasil”. Radicada no Rio, ela precisou se mudar para São Paulo durante as 12 semanas de gravações —85% delas, noturnas.

Isso porque “Segunda Chamada” se passa no universo da Educação para Jovens e Adultos, a modalidade de ensino público voltada para aqueles que, por uma razão ou por outra, não puderam estudar na infância. As aulas costumam ser à noite, já que a maioria dos alunos trabalha durante o dia.

Quase toda a ação da série transcorre na fictícia Escola Estadual Carolina Maria de Jesus. A locação encontrada foi uma unidade desativada do colégio Equipe, ao lado do Jockey Club de São Paulo.

Abandonada há anos, a escola precisou passar por reformas para servir de cenário, mas nada de muito drástico, já que alguma deterioração precisava ser visível, para condizer com a realidade.

Cada um dos 11 episódios de “Segunda Chamada” é centrado na história de um único aluno. O foco do primeiro deve ser a transexual Natasha, que marca a estreia da cantora Linn da Quebrada como atriz de televisão. Outros capítulos destacam Solange (Carol Duarte), uma mãe solteira, Maicon (Felipe Simas), um motoboy desempregado, e Jurema (Teca Pereira), uma mulher de idade avançada.

Seguindo os moldes do “procedural” americano, os dramas dos professores atravessam toda a temporada. A protagonista Lúcia (Débora Bloch), que ensina português, volta a lecionar depois de uma tragédia pessoal e vive um caso extraconjugal com o diretor Jaci (Paulo Gorgulho, de volta à Globo após 14 anos na Record).

Outros professores incluem Sônia (Hermila Guedes), de história e geografia, Eliete (Thalita Carauta), de matemática, e Marco André (Silvio Guindane), de artes. Caio Blat —que foi apresentador do educativo “Telecurso”— faz Paulo, um professor de literatura do período diurno, personagem que traz a chave para um mistério da trama.

Este repórter visitou o set de “Segunda Chamada” no último dia das filmagens e conversou com a diretora e alguns dos atores. Todos concordam que a série estreia num momento delicado, em que o sistema educacional brasileiro vive a ameaça de um desmanche generalizado.

“Estamos vivendo a vitória da ignorância, da falta de educação”, disse Débora Bloch. “Acho um absurdo que professores sejam perseguidos em sala de aula. Escola não é lugar de repressão. É lugar de debate.”

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