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Cinema

'Sem Túmulo' é road movie iraniano inspirado em William Faulkner

Drama de estreia de Mostafa Sayari recria livremente a trama de 'Enquanto Agonizo', transplantada do Mississipi para o sul do Irã

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Neusa Barbosa

Sem Túmulo

Avaliação: Regular
  • Quando: 18/10 às 13h30 (Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca 3); 20/10 às 19h30 (Cine Olido); 22/10 às 15h (CCSP); 25/10 às 18h20 (Cinearte 2)
  • Onde: 43ª Mostra Internacional de Cinema de SP
  • Classificação: 14 anos
  • Elenco: Madjid Aghakarimi, Nader Fallah, Elham Korda, Elham Korda
  • Produção: Irã, 2018
  • Direção: Mostafa Sayari

A sombra de William Faulkner percorre “Sem Túmulo”, longa de estreia do cineasta iraniano Mostafa Sayari que revisita livremente “Enquanto Agonizo”, livro de 1930 em que o autor americano descrevia a odisseia de um grupo de irmãos para sepultar sua mãe no Mississippi. 

Ainda que nunca tenha se assumido como uma adaptação propriamente dita, a referência faulkneriana era mais clara no ano passado, quando o drama iraniano teve sua première na seção Horizontes do Festival de Veneza sob o mesmo título original da obra de Faulkner, “As I Lay Dying”, agora trocado para “Graveless”, em inglês. 

No roteiro, assinado por Sayari, Behnam Abedi e Hamed Hosseini Sangari, três irmãos e um agregado percorrem o desértico sul do Irã para enterrar o pai. Desde a cena inicial, a tradicional economia narrativa do cinema iraniano, carregado de elipses, não entrega a natureza destas relações familiares oblíquas, carregadas de tensões só pouco a pouco declaradas ao longo da estrada.

O cenário desértico reforça uma ambientação de fim do mundo, de situação-limite. É visível o desconforto de um dos filhos (Nader Fallah) com a presença daquele que cuidava do pai morto (Madjid Aghakarimi) e que se tornou, contra a vontade do outro, executor dos últimos desejos do falecido. É ele quem garante aos outros que foi vontade expressa do pai ser enterrado na localidade distante, razão desta jornada exasperante.

O irmão mais jovem (Elham Korda) e a única irmã (Vahid Rad) revezam-se como mediadores entre os outros dois, sempre a um passo do enfrentamento físico, ainda mais na contingência de não encontrarem a estrada certa para o seu destino —o que atrasa o sepultamento, que não pode ocorrer à noite, além de impor complicações para conservar o corpo no forte calor.

Neste road movie em torno da morte —e também do colapso das aparências—, sobrepõem-se quatro personalidades distintas, perfeitamente contrastadas pelas interpretações bem marcadas dos atores.

Neste duelo de mágoas mútuas, alternam-se os espelhos que cada um coloca diante do outro, desencavando os segredos mal escondidos da família, que a presença de um anel no dedo do morto tem o poder de evocar como uma maldição.

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