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Musical apaga episódios de repressão por que passou o Novos Baianos

Elenco jovem apresenta primor vocal e atuação firme, mas há problemas na narrativa do espetáculo

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Novos Baianos

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Qui. a sáb., às 21h. Dom., às 18h. Até 15/12
  • Onde: Sesc Vila Mariana, r. Pelotas, 141, Vila Mariana
  • Preço: R$ 15 a R$ 50
  • Classificação: 14 anos
  • Elenco: Barbara Ferr, Miguel Freitas e Ravel Andrade
  • Direção: Otavio Muller
  • Texto: Lucio Mauro Filho
  • Direção musical: Davi Moraes e Pedro Baby

É um retrato precioso, encantador, do grupo encabeçado por Luiz Galvão, que tomou o país quase cinco décadas atrás, pós-tropicália, no momento mais repressivo da ditadura.

A alegria nas mais de duas dezenas de canções, com versos hoje não menos significativos, retorna com músicos-cantores-atores de extrema qualificação. E ao mesmo tempo tão jovens e atirados quanto se mostravam então Galvão, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo e Pepeu Gomes.

Eles são interpretados respectivamente por Ravel Andrade, Felipe El, Gustavo Pereira, Barbara Ferr e Filipe Pascual, com primor vocal e instrumental que assombra, a exemplo do que acontecia com os Novos Baianos dos anos 1970, mas também com atuação firme.

Não só eles, mas Clara Buarque, neta de Chico, de voz e presença. Ou o baterista e muito mais Miguel Freitas. E Mariana Jascalevich.

Como um time de futebol, imagem que o próprio grupo adotava, formam um coro em que a coesão explosiva do conjunto permite que cada um saia, em algum momento, para a boca de cena, o protagonismo.

A direção de Otavio Muller, ator de origem, é muito bem-sucedida no preparo dos atores e não-atores para a caracterização dos personagens e para a integração que alcançam.

Mas há problemas no arco dramático montado por ele e Lúcio Mauro Filho, que parece fugir das ameaças maiores de conflito. Aborda como piada e acaba virtualmente apagando os episódios de repressão por que passou o grupo.

De modo até mais negativo, estruturalmente, evita dar ao espetáculo o final que, em sua trajetória, os Novos Baianos enfrentaram. A peça não termina.

Para cobrir o buraco, o elenco sai em bloco carnavalesco pelo meio da plateia, que tenta levar com ele. Na apresentação vista, um sábado, o público paulistano resistiu, não se convenceu de todo, apesar de ter cantado muitas das músicas, grandes hits de meio século atrás.

Ressalve-se que os problemas são pontuais. Ao longo da apresentação, o texto de Mauro Filho engaja, não se limita a uma sequência de quadros cômicos ou musicais.

E as letras de Galvão se revelam não só engenhosas, mas inusitadamente graves, por trás da aparente leveza, como no melhor teatro musical

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