Filme mistura Spielberg e Linklater para caçar alienígenas nos anos 1950
Indie 'A Vastidão da Noite' remete a 'Além da Imaginação', mas investe mesmo nos estilos dos dois cineastas
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Steven Spielberg foi um dos produtores e dirigiu um dos segmentos de “No Limite da Realidade”. Lançado em 1983, o filme reunia quatro histórias inspiradas na clássica série de TV “Além da Imaginação” —ou “The Twilight Zone”. Isso foi seis anos depois de “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” chegar aos cinemas.
Mas e se esse último longa fosse apenas mais um pedaço da coleção de histórias de “No Limite da Realidade”? Talvez a resposta para esse devaneio esteja em “A Vastidão da Noite”, da Amazon Prime Video.
Lançado há poucas semanas, o filme indie recupera o formato e o clima de mistério do programa televisivo ao mesmo tempo em que desenvolve uma trama alienígena pautada por frequências de rádio, semelhante ao clássico de Spielberg.
Estreia de Andrew Patterson nas quatro cadeiras que ocupa na ficha técnica —direção, roteiro, produção e montagem—, “A Vastidão da Noite” acompanha dois adolescentes de uma cidadezinha americana nos anos 1950. Certa noite, eles escutam um som esquisito no rádio e recebem ligações de estranhos que dizem ter testemunhado eventos alienígenas.
Um desses jovens é Everett, interpretado por Jake Horowitz. Também novato no cinema, o ator vem de uma formação teatral e embarcou na aventura criada por Patterson após uma videoconferência que o fez se apaixonar pela simplicidade daquela história.
“Andrew sempre disse que estava interessado no quão pouco você precisa dar ao público para que ele tenha uma experiência cheia de suspense. O quanto você pode despir de uma história para torná-la mais excitante”, diz Horowitz.
Apesar das claras referências à ficção científica de Spielberg e a “Além da Imaginação”, no entanto, Horowitz vai bem mais além na comparação. “Uma coisa que eu amo é que Andrew se questionava como seria se Richard Linklater dirigisse ‘Contatos Imediatos de Terceiro Grau’”, afirma.
Para o ator, “A Vastidão da Noite” é o resultado dessa fantasia cinematográfica, um filme que “cruza gêneros”. Cineasta por trás de “Boyhood: Da Infância à Juventude”, Linklater é conhecido pelos longas mais cerebrais, de aspecto simples e com grande ênfase nos personagens e em seus diálogos.
De fato, o lançamento da Amazon Prime Video dá um peso enorme aos diálogos de Everett e de sua parceira de cena, a telefonista Fay. São cerca de 90 minutos sem que a câmera os abandone. A sensação é que o espectador não vai pôr os olhos sobre os extraterrestres que são força-motriz da trama.
“Eu acho que você não espera que isso aconteça depois de tanto tempo [de diálogo]”, brinca Horowitz. “Uma boa parte do filme é contida. Nós testamos a audiência para ver por quanto tempo uma garota em uma central telefônica consegue prender a atenção, o quanto que o público pode imaginar para além da tela”, resume.
Descrito como excêntrico, o diretor quis brincar com quem assiste a “Vastidão da Noite”. Segundo Horowitz, as constantes alusões a “Além da Imaginação” seriam uma maneira de provocar uma discussão sobre o que realmente está acontecendo na tela: toda aquela trama alienígena é real ou os personagens são apenas atores de um programa de TV velho?
Para ajudar no trabalho, o ator mergulhou em uma maratona do seriado dos anos 1950. O desafio foi justamente recriar o clima retrô. “Você precisa levar aquilo tudo a sério, porque é fácil encarar a história como uma brincadeira. Você precisa ter cuidado para não soar cartunesco”, diz.
Mas, fora isso, a preparação para o personagem, por causa da necessidade de rodar o longa durante as noites e madrugadas, não foi nenhum passeio assustador e radical de OVNI.
“Nós estávamos nessa cidadezinha do Texas e foi muito divertido. Nós filmamos das sete da noite às sete da manhã por três semanas, então isso deu às gravações um tom de festa do pijama. É um sentimento de descontração e que contribuiu para que a equipe se conectasse.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters