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O que Joe Biden tem a aprender com as séries sobre a Casa Branca?

O novo presidente dos Estados Unidos ainda tem poucos exemplos a imitar, mas também tem vários de quem fugir

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Ao longo de mais de 50 anos na política, Joe Biden criou fama de bom ouvinte e excelente negociador. Mesmo assim, o 46º presidente americano toma posse num momento de extrema tensão, com o país mais polarizado do que nunca e enormes desafios pela frente.

O que o macaco velho pode aprender com a TV? Vamos iniciar por uma série antiga, “West Wing: Nos Bastidores do Poder”, de 1999 a 2006.

Criado pelo roteirista e diretor Aaron Sorkin, tinha como protagonista o fictício presidente Jed Bartlet, do Partido Democrata, o mesmo de Biden. Vivido por Martin Sheen, o personagem enfrentou crises durante sete temporadas —uma delas, particular, a esclerose múltipla, que ele tentava esconder de sua equipe.

Na época, “West Wing” foi saudada como um retrato realista dos meandros de Washington, e ganhou muitos prêmios. Hoje, é criticada por mostrar um presidente idealizado demais. Se Biden tomar Bartlet como modelo, pode quebrar a cara rapidamente.

“Escândalos – Os Bastidores do Poder” é mais apimentada. Criada pela roteirista Shonda Rhimes, foi ao ar de 2012 a 2018, e hoje está no Globoplay sob o título original, “Scandal”.

Por sete temporadas, a advogada Olivia Pope, papel de Kerry Washington, usa seu talento para evitar que crises escapem do controle e destruam clientes poderosos. Seu lema pode ser de grande valor para Joe Biden —sempre confie nos seus instintos. Não importam os fatos, as evidências ou até mesmo a lei. Faça o que sua intuição mandar.

Foi em 2012 que também estreou uma rara sitcom de inspiração política —“Veep”, que hoje está na HBO Go.

O roteirista britânico Armando Ianucci criou a série a partir do filme “In the Loop”, sobre um inepto primeiro-ministro do Reino Unido. Mas acrescentou um ingrediente muito americano. A protagonista Selina Meyer é claramente inspirada em Sarah Palin, ex-governadora do Alasca que concorreu como vice na chapa de John McCain, derrotada por Obama e Biden em 2008. Representante da ala mais à direita do Partido Republicano, ela surpreendeu o mundo com sua ignorância.

Meyer é uma vice que não tem nada para fazer. Suas tentativas de se manter relevante, com a ajuda de um staff quase todo incompetente, dão o tom das primeiras das sete temporadas. Depois, por sucessivos golpes do acaso, ela chega à Casa Branca e concorre à reeleição. Tudo isso sem jamais formular um projeto sólido e se deixando levar por bajuladores. Deve ser horrível ter um presidente assim.

A personagem tem só uma qualidade que Joe Biden pode desejar, a sorte. Nos demais aspectos, ela é um exemplo do que não se deve fazer.

Olivia Pope (Kerry Washington) e o presidente Fitzgerald Grant (Tony Goldwyn) em cena de 'Scandal' - Divulgação

​Chegamos, enfim, ao seriado de tema político de maior repercussão dos últimos anos —“House of Cards”, da Netflix, que teve seis temporadas entre 2013 e 2018. Criada por Beau Willimon a partir de uma série britânica do mesmo nome, a atração tinha como protagonista um casal vagamente baseado nos Clintons, os inescrupulosos Frank e Claire Underwood, capazes até de matar com as próprias mãos para ficar no poder.

As peripécias do casal, vivido por Kevin Spacey e Robin Wright, chocaram o público. Críticos achavam os roteiros sem pé na realidade. Aí veio o governo Trump, e “House of Cards” virou um conto de fadas. Mas a esperteza e desfaçatez dos Underwood podem vir a calhar para Biden.

Agora, se o novo presidente quiser se espelhar em alguém com caráter, disposta a fazer o bem sem jamais se corromper, deve olhar o outro lado do Atlântico —mais especificamente a primeira-ministra Birgitte Nyborg, vivida por Sidse Babett Knudsen na série dinamarquesa “Borgen”, de 2010 a 2012, na Netflix. Um alerta óbvio —a Dinamarca é menor e bem menos complexa do que os Estados Unidos.

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