Siga a folha

Descrição de chapéu
instagram

'Fake Famous' fica no meio do caminho entre reality e 'Black Mirror'

Série documental que transforma anônimos em influenciadores mostra como é fácil fazer a verdade se passar por ficção

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Fake Famous - A Fama na Era Digital

Avaliação: Regular
  • Onde: Disponível na HBO Go
  • Elenco: Christopher Bailey, Osiris Bashir, Justine Bateman
  • Produção: Estados Unidos, 2021
  • Direção: Nick Bilton

Podia ser um reality show. Ou um episódio de "Black Mirror". "Fake Famous" fica em algum lugar no meio do caminho. Não é tão superficial quanto o primeiro, nem tão assustador quanto o segundo, mas se pretende profundo, a ponto de se denominar um "experimento social".

O criador e condutor da trama é o jornalista americano Nick Bilton, em sua estreia como documentarista. Bilton era um repórter especializado em tecnologia do jornal The New York Times e depois da Vanity Fair —Graydon Carter, ex-editor da revista, é um dos produtores executivos do documentário— e costumava defender as mídias sociais e os efeitos positivos da tecnologia na sociedade. Aqui, ele se mostra bem mais apreensivo, e procura examinar o fenômeno dos influenciadores no Instagram.

Para isso, publica um anúncio em Los Angeles com uma pergunta direta. "Você quer ser famoso?" Ele e sua equipe recebem 4.000 inscrições e, depois de uma série de testes, escolhem três jovens com poucos seguidores em suas contas de Instagram.

Cena da série documental 'Fake Famous', da HBO, que busca transformar anônimos em influenciadores - Divulgação

As cobaias são Dominique, uma atriz principiante, Chris, um menino negro que quer ser designer de moda, e Wiley, um gay que trabalha como assistente de um corretor de imóveis em Beverly Hills.

Aí começa a experiência –tentar os transformar em celebridades online, dessas que ganham coisas e até recebem dinheiro para postar fotos em que enaltecem algum produto. O primeiro passo é fazer uma mudança no visual dos três. A menina fica mais loira, Chris ganha trancinhas e Wiley, um corte mais moderno de cabelo.

Em seguida, uma fotógrafa profissional faz registros dos três em locações alugadas para parecer que vivem uma vida ultraglamorosa. Em uma delas, Dominique parece que está olhando a paisagem pela janela de um avião. O contorno da janela redonda é, na verdade, o assento de uma privada colocado ao lado de sua cabeça e na frente de uma foto de natureza.

É com essas imagens que eles vão alimentar suas contas de Instagram. As sessões de fotos fakes são um dos pontos altos do programa e demonstram como é fácil enganar os seguidores com truques simples.

Postar boas imagens, no entanto, não garante curtidas nem seguidores. Mas ambos estão à venda, e o jornalista compra, online, milhares de contas de seguidores fakes que simulam perfis de pessoas reais na internet. Assim, os jovens inflam seus números.

Vale notar que o documentário foi filmado antes de o Instagram parar de publicar o número de likes nas postagens, no final de 2019. O número de seguidores segue sendo exibido.

Depois de alguns meses, os três começam a atrair a atenção de pessoas de verdade, assim como de empresas, que acreditam que eles são genuinamente famosos. Fingindo ser influenciadores, eles se tornam influenciadores. Porém, o experimento não sai como o esperado.

Chris, que posta imagens fingindo que faz exercícios numa academia privada de Los Angeles —e é convidado para fazer exercícios numa academia privada de Los Angeles—, se revolta com os comentários fakes que recebe e começa a os deletar. Ele quer ser famoso, mas quer mais ainda ser verdadeiro. E abandona a experiência.

Wiley fica nervoso quando um conhecido percebe que ele está sendo seguido por perfis fakes e o aconselha a não se perder nessa busca da fama a qualquer preço. Ele para de postar e também deixa de fazer parte do teste.

Sobra apenas Dominique para comprovar ou desmentir as hipóteses levantadas por Nick Bilton, uma amostra bem pouco relevante, apesar da trajetória ser impressionante.

A aspirante a atriz chega a ganhar joias de presente, além de uma viagem de ônibus para Las Vegas junto com várias influencers de verdade, que levam malas de roupas para fazer fotos com figurinos diferentes em cada parada no caminho. Quando chegam ao destino, trabalham sem parar, fazendo contatos com empresas para tentar emplacar futuras "parcerias", ou seja, posts pagos.

E então começa a pandemia, o que força o documentário a interromper o que seria seu percurso natural, e faz com que o jornalista e sua única personagem cheguem a conclusões apressadas e algo artificiais. Mesmo assim, num momento em que parece tão difícil separar a verdade da ficção, "Fake Famous" ajuda a demonstrar como é fácil uma se passar pela outra.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas