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Cinema

'Minha Irmã' tenta tirar o máximo da paz de um país rico e sem guerras

Longa é digno e bem filmado, mas parece que na Suíça é mais difícil de achar assunto do que no resto do mundo

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Minha Irmã

Avaliação: Regular
  • Quando: Em cartaz
  • Classificação: 14 anos
  • Elenco: Nina Hoss, Lars Eidinger e Marthe Keller
  • Produção: Suíça, 2020
  • Direção: Stéphanie Chuat e Véronique Reymond

Diante de um filme suíço, é impossível esquecer as palavras imortais de Harry Lime —Orson Welles— em “O Terceiro Homem”, de 1949.

“Por 30 anos, na Itália sob os Bórgias, houve guerra, terror, assassinatos, matanças, mas eles nos deram Michelangelo, Da Vinci e a Renascença. Na Suíça eles tiveram amor fraternal —500 anos de democracia e paz, e o que eles criaram? O relógio-cuco.”

Pode não ser inteiramente verdade, mas, sim, parece que na Suíça é mais difícil de achar assunto do que no resto do mundo. E ninguém dirá que Stéphanie Chuat e Véronique Raymond, autoras do roteiro e da direção de “Minha Irmã”, em cartaz nos cinemas agora, não procuraram.

Existe ali, de cara, Sven, ator de prestígio, que acaba de fazer um transplante de medula e enfrenta a rejeição do órgão pelo corpo. E sua irmã mais nova, Lisa –mais nova porque nasceu dois minutos depois dele.

Os dois são inseparáveis. Ela também escreve para teatro, além de cuidar do irmão, de lutar para que ele consiga voltar aos palcos, de cuidar dos filhos e do casamento. Apesar do desencontro com Martin, o marido (ela quer voltar para Berlim, ele pretende assinar um contrato de cinco anos como professor na Suíça), o centro é mesmo o câncer de Sven.

Não há gritos e sussurros, não, ao menos, em escala bergmaniana. Mas existe sofrimento, que também não é existencial. A dor de Sven é, antes de tudo, física. O teatro é o centro de sua vida, sem dúvida, mas é Lisa quem mais se ocupa disso, de dar a ele a esperança de atuar novamente (ou seja, de viver).

Filme com um câncer no meio não precisa de vilões, claro. Isso não impede a mãe de estar sempre do lado contrário ao de Lisa, que se desdobra entre filhos, escrita, irmão, marido e tenta segurar tudo na mão.

Mas a Suíça não ajuda muito, e mesmo quando Martin decide levar Sven para um passeio de parapente, ainda que Sven desmaie no trajeto, parece que na modorra suíça tudo se arranja. Por sorte, Martin decide assinar o contrato de cinco anos sem nem ao menos discutir o caso com a mulher. Isso faz com que ela, mais os filhos e Sven partam para Berlim de imediato.

Os ares berlinenses tiram o filme do ritmo cuco e trazem à “Minha Irmã” uma nova energia. Também à Lisa, que consegue escrever o seu monólogo de “João e Maria” para ser recitado por Sven. A peça alude, claro, à ligação indissolúvel dos dois irmãos, mesmo quando estão num labirinto. O conflito do casal eclode. A mãe tenta tapar tudo com seus bolos.

Enfim, aquilo que se desenhava desde o início enfim chega à superfície. De tudo, o que se pode concluir que “Minha Irmã” é um filme digno, filmado decentemente, com atores também dignos, que tenta extrair o máximo que pode de um país rico, feliz, sem guerras e com 500 anos de amor fraternal.

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