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Cinema Ásia

'Red: Crescer É uma Fera' desenvolve nova magia da Pixar, como 'Luca'

Primeiro longa da chinesa Domee Shi traz adolescente que, em vez de menstruar, se transforma num panda vermelho

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Red: Crescer É uma Fera

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Disponível no Disney+ na sexta (11)
  • Classificação: Livre
  • Elenco: Rosalie Chiang, Sandra Oh, Ava Morse
  • Produção: EUA, 2022
  • Direção: Domee Shi

Já faz quatro anos que John Lasseter deixou de vez o comando da Pixar sob acusações de assédio. Mas, contra as expectativas, o estúdio passa hoje por uma nova fase de bonança.

Sob o comando de Pete Docter, mostra estar num processo de reinvenção interna que se reflete nos filmes, mais libertos das amarras de continuações e comandados por novos talentos cujas inspirações escapam do "clube" que fundou a reputação da empresa. Mesmo todos em tese sendo aprovados por Lasseter, a leva recente de longas parece sobretudo diversificar os limites da tal "fórmula" da Pixar.

Cena da animação 'Red: Crescer É uma Fera', da Pixar - Divulgação

Isso vale tanto para "Soul" como para "Dois Irmãos" e "Luca". Se o primeiro, dirigido por Docter, servia como carta de inspirações sentimental sobre a criação para público e equipe, os dois últimos são projetos "menores" que mergulham o estilo de animação tradicional do estúdio em referências diferenciadas —do porte do RPG e do filme de verão europeu— para conceber dramas muito particulares dos realizadores.

Nesse sentido, "Red: Crescer É Uma Fera" é não só outro passo nessa direção como uma ótima evolução de tal modo de operação. Com estreia no Disney+ nesta sexta-feira, o filme de Domee Shi deixa claro, do começo, o maior arrojamento em relação a outros trabalhos do estúdio, da animação com influências sutis de anime —a expressividade dos olhos é demarcada durante toda a narrativa— às interações agressivas que a jovem protagonista Meilin nutre com a câmera, buscando apresentar o ambiente da narrativa.

O mais interessante a ser observado aqui, porém, são os caminhos tomados pela história, sobretudo na particularidade. Passado na Toronto do começo dos anos 2000, o filme acompanha Meilin em seus 13 anos, uma época marcada pela puberdade e pelo início da transição à vida adulta.

Em vez de rituais como o crescimento do corpo ou a primeira menstruação, no entanto, ela da noite para o dia passa a se transformar num enorme –e adorável– panda vermelho. Tudo isso ativado pela mãe, que, irritada pela descoberta de desenhos românticos da filha com o atendente charmoso do mercadinho, a envergonha na frente de todos os colegas de classe.

Dessa premissa se desenrola então não o "coming of age" típico do cinemão americano, mas um bom drama de mãe e filha no contexto social muito específico da migração asiática à América do Norte.

Enquanto Meilin descobre que sua condição é parte de um encanto antigo da família e que tudo pode ser controlado pelo estado dos ânimos, o espectador também é situado nos diferentes contextos históricos que marcam a protagonista e sua mãe.

A primeira está na segunda ou terceira geração de imigrantes chineses no Canadá, mas a última é do grupo geracional que foi o primeiro a ter todo o crescimento no país —e portanto serve de "ponte" à manutenção das tradições e o estabelecimento de raízes.

O desentendimento constante das duas é nutrido a partir dessas diferenças, na busca por um reconhecimento simultâneo dos mundos, e nisso "Red" ganha corpo muito distinto de outros dramas familiares que permeiam os últimos anos da animação americana, de "A Caminho da Lua" a "A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas".

"Red" lembra mais "Livrando a Cara", comédia dramática de Alice Wu lançada coincidentemente no início dos anos 2000, e que tinha como centro um puxa e repuxa de mãe e filha capaz de iluminar o cosmo das relações deste gap geracional.

É um tipo de história que inclusive parece muito familiar à própria diretora. Estreante em longas, Shi venceu o Oscar de curta de animação há quatro anos com "Bao", filme que ilustrava o desentendimento de mãe e filho de ascendência chinesa a partir de um baozi, o típico pãozinho recheado chinês, que ganhava vida.

Entre "Bao" e "Red", o diferencial é a escala do absurdo empregado para dar vida à narrativa, com o último brincando com o imaginário de boy bands e filmes de monstro para fazer valer o emocional da reconciliação. É como se "Livrando a Cara" ganhasse uma roupagem adolescente com pitadas da dita "magia da Pixar" –e os resultados são efetivos, do humor às lágrimas.

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