'The Handmaid's Tale' vira ópera em Londres e remete a guerras do mundo real
Produção marca estreia de Annilese Miskimmon, nova diretora da English National Opera
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A obra mais famosa da escritora Margaret Atwood está ganhando uma nova adaptação para além da premiada série de televisão. "The Handmaid's Tale" —título em inglês de "O Conto da Aia"— será apresentada como ópera na English National Opera, de Londres, até 14 de abril, com apenas quatro récitas.
A direção é de Annilese Miskimmon, que assumiu a liderança artística da companhia em meio à pandemia, que teve até de conduzir alguns ensaios virtualmente enquanto a Inglaterra enfrentava picos em casos de Covid-19.
A casa, uma das principais de Londres, foi concebida pela ideia de "ópera para todos", como disse Miskimmon em reportagem ao The New York Times, e a obra de Atwood caiu como uma luva pela sua recente popularidade —apesar do o romance ser de 1985, a série, lançada em 2017, já acumula quatro temporadas de ótima repercussão.
No trabalho, com composição de Poul Ruders e libreto escrito por Paul Bentley, mulheres são vistas simplesmente como máquinas de reprodução para uma classe dominante sob um governo teocrático. Retomando os robes vermelhos que ficaram imortalizados na série, a cenografia buscou também trazer artefatos de regimes totalitários, expostos no palco como se fosse itens que remetessem ao Holocausto ou à queda do muro de Berlim.
O papel principal, Offred, ficou com Kate Lindsey, meio-soprano norte-americana, que disse ter gostado de ensaiar com Miskimmon, que "faz todo o possível para que as pessoas tenham uma voz artística no processo de criação". "É o verdadeiro sinal de uma diretora confiante, realmente confiante."
Além da inovação de trazer uma obra popular para um gênero que já não atrai tanto as massas, esta adaptação deverá funcionar como cartão de visitas de Miskimmon, que assumiu a direção artística depois da demissão de Daniel Kramer. Ele chegou a anunciar uma nova temporada, mas os críticos o consideravam inexperiente para o cargo.
Agora, a avaliação de críticos como John Allison, editor da revista Opera, é de que Miskimmon teve um bom começo com a companhia, mantendo durante a pandemia produções como "La Bohème", de Puccini, em estilo drive-in, e uma versão feita para a televisão do "Réquiem" de Mozart. Em paralelo, cantores da casa davam aulas de respiração para pessoas em recuperação da Covid, que ainda sentiam sequelas da doença.
Enquanto isso, a English National Opera tenta sobreviver mesmo com cortes de verba —a casa recebe metade do que a Royal Opera recebe por ano do governo britânico. A concorrente leva algo em torno de € 32 milhões. Além disso, 15% da verba a ser repassada para esse tipo de organização em Londres foi cortada para ser aplicada em outras regiões.
Mas Miskimmon conclui que há planos para apresentações fora do país e perspectiva de crescimento. "Estamos preparados para dar passos grandes em direção ao futuro, porque é disso que a ópera precisa", disse.
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