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'DC Liga dos SuperPets' é mais uma animação que sofre falta de inspiração

Todo o filme parece ter sido previamente testado e aprovado por executivos, o que mina a criatividade de qualquer um

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DC Liga dos SuperPets

Avaliação: Regular
  • Quando: Estreia nesta quinta-feira (28)
  • Onde: Nos cinemas
  • Classificação: Livre
  • Elenco: Marcelo Garcia, Dwayne Johnson, Duda Espinoza
  • Produção: EUA, 2022
  • Direção: Jared Stern

Com os filmes de super-herói tão em alta, faz sentido que esse tipo de produção comece a expandir seu alcance e mire ocupar outros nichos. O caso mais evidente é o da animação, hoje lar primordial do dito "entretenimento familiar", mas há algo de interessante nesse avanço, e "DC Liga dos Superpets" é o exemplo mais claro desse processo de enraizamento.

Cena do filme de animação DC Liga dos SuperPets - Warner Bros. Pictures/Divulgação

Isso porque há uma questão de branding que separa com muita evidência a adaptação da vez de outros esforços recentes e passados de trabalhar com o gênero pelas vias da animação. É muito simples diferenciar o lançamento da vez de antepassados como "Os Incríveis" da Pixar e o "Megamente" da DreamWorks, até porque no fundo tais produções aspiravam aos seres superpoderosos acima de tudo como inspiração, uma ambientação para histórias próprias.

Mas "Superpets" da DC também se diferencia de outros contemporâneos como "Operação Big Hero", "Lego Batman" e "Scooby!", mesmo que todos dividam a mesma propensão de extrair imaginários direto da fonte.

É aí que as coisas ficam intrigantes. Enquanto os outros serviam de derivados das franquias principais, restritos ao ato de reaproveitar personagens para construir seus caminhos, o filme da vez da Warner já está melhor envolvido na máquina, numa posição de coexistência com os lançamentos maiores do estúdio no gênero.

Essa aproximação se verifica em todos os pequenos detalhes da aventura, começando pelo fato de a produção reaproveitar na história o visual do Super-Homem usado em seu primeiro desenho animado, ainda da década de 1940. O uso da referência coincide com a de heróis em versões mais contemporâneas, como o Batman, o Aquaman e o Lanterna Verde, este último na identidade mais recente da latina Jessica Cruz.

Essa combinação revela quão disposto o filme dirigido por Jared Stern está para expandir o público tradicional do cinema infantil e atingir outros perfis de audiência, e essa decisão criativa contribui para o achatamento geral do filme.

A sensação é que tudo na animação foi previamente testado e aprovado por executivos, incluindo a premissa de crise de relação do animal de estimação com seu dono. A amizade de Super-Homem com o protagonista Krypto parece um derivado super-heroico direto de "Pets - A Vida Secreta dos Bichos", que já puxava inspiração demais de "Toy Story".

Estamos diante então de mais uma premissa clássica sobre sair de casa e encontrar amigos, mas que, por um acaso, se exercita pelos rumos das histórias de super-heróis atuais, propensas a muitas explosões e uma tendência maior de se resolver tudo sozinho.

A jornada de Krypto é para conhecer o mundo fora de sua rotina, mas bastam alguns minutos para que ele passe a servir de coach aos amigos, que ganham poderes depois de expostos a uma amostra de "kryptonita" laranja.

O envolvimento da produtora Seven Bucks, de Dwayne Johnson, no filme é crucial para entender o ponto em que a narrativa sai dos trilhos e cai nesse mais do mesmo equivocado, aliás, até porque favorece a narrativa geral da carreira do ator.

Voz de Krypto na língua original, o artista repete aqui a estratégia que já aplica nos filmes que estrela, tornando o cachorro numa figura de moral mesmo quando dentro de um arco de aprendizado. Por essa razão, as ligações com personagens como Ace, a porquinha PB e o esquilo Chip mal são sentidas na narrativa.

No mais, existem suficientes momentos simpáticos para compensar a duração inchada de quase duas horas, sobretudo no início. O roteiro de Stern e John Whittington ganha maior espaço na introdução para brincar com as situações de um super-herói solteiro convivendo com seu animal de estimação, e nesse ponto "Superpets" não deixa de ser o típico filme de cachorro que de tempos em tempos habita os multiplexes. É a essa intersecção que o longa busca responder onde é possível, afinal.

O humor cansado até mesmo nas piadas com bichos fofos não esconde do longa o caráter de produto industrial, porém. Eis aí o futuro difícil da animação, um que nenhum porquinho-da-índia disfarça.

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