Eliane Coelho canta a 'Morte de Amor', de Wagner, obra-prima da história da arte
Maior soprano brasileira participa do Festival de Campos do Jordão em concertos na serra paulista e na Sala São Paulo
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Eliane Coelho, de 72 anos, é uma prima donna que se evolou para fora do tempo. Seus cabelos longos, grisalhos, as elegantes construções frasais e a voz, que se dramatiza com o passar dos anos, delimitam a sabedoria e a elegância da mais importante cantora lírica brasileira.
Neste final de semana, ela interpreta, no Festival de Inverno de Campos do Jordão, o "Liebestod", a ária "Morte de Amor", de "Tristão e Isolda", ópera composta em 1865 pelo alemão Richard Wagner.
"O que transmitimos à plateia é o que pensamos, não é preciso atuar tanto. E, cá entre nós, quando Wagner começa a soar, nada mais importa, tudo é sublime e visceral", afirma ela, que já se apresentou no Teatro alla Scala, de Milão, na Itália, e na Ópera Estatal de Viena, na Áustria. Em 2011, Coelho havia encarnado Isolda numa montagem do Festival Amazonas de Ópera.
No concerto, o "Liebestod" será precedido pelo "Prelúdio", interpretado pela Orquestra do Festival de Inverno, regida pelo alemão Henrik Schaefer. As duas peças de Wagner serão sucedidas pela "Sinfonia nº 10", do russo Dimitri Shostakovich.
"Tristão e Isolda" é uma das obras de arte mais importantes da história. Para alguns críticos, é o maior monumento cultural do Ocidente erguido no século 19, com reverberações nas artes plásticas e na literatura. É uma síntese do pensamento wagneriano, conforme o poeta francês Charles Baudelaire examinou em seus escritos sobre o compositor.
Enquanto trabalhava no chamado Ciclo do Anel, Wagner estabelecia a sua metafísica, encontrando no amor o princípio de tudo. Ou, como escreve no "Liebestod", a "respiração universal".
Rememorando uma lenda da Idade Média, o libreto conta a história do cavaleiro Tristão e da princesa Isolda. Eles tomam uma poção mágica e se apaixonam, protagonizando o "Liebesnacht", o dueto do amor que ocorre no segundo ato.
No fim, Tristão morre nos braços de Isolda e, então, a personagem entoa o "Liebestod". Se, para Wagner, o amor não se restringe a uma história, a morte de Tristão representa a própria tragédia universal.
Com desmedido impacto, a música assombra desde o chamado Acorde de Tristão, executado no início do "Prelúdio" e no "Liebestod". O acorde desvela um universo revolucionário e simboliza a superação do sistema tonal. Num crescendo, música e poesia significam ao mesmo tempo gozo, nascimento e morte.
"A poesia é demasiadamente forte. Tudo é pesado demais. E, principalmente, é bonito, muito bonito", diz Coelho.
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