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Venda de livros cai 8%, editoras faturam menos e preços de capa sobem

Pesquisa mais ampla do mercado editorial mostra tempos de refluxo apesar de crescimento nas compras do governo em 2023

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São Paulo

A venda de livros ao mercado caiu 8% no ano passado, rendendo um faturamento 5% menor para as editoras brasileiras, segundo pesquisa feita pela Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores.

Sebo mais antigo de São Paulo, a livraria Calil tem acervo de 450 mil livros - Vicente Vilardaga

Mesmo assim, o preço médio dos títulos no mercado cresceu 8% em termos nominais, ou 3% se descontada a inflação. Foi a maneira encontrada pelas editoras de compensar o mau desempenho da economia, segundo Dante Cid, presidente do Snel.

Mariana Bueno, que coordena a pesquisa, ressalta que isso não reflete uma tendência de longo prazo. Os preços de capa, segundo ela, se mantiveram represados por anos, resultando numa queda de 36% no preço real do livro de 2006 até hoje.

O resultado reflete a dificuldade que o setor vem encarando depois de um crescimento significativo durante a pandemia. Durante os últimos anos, o interesse do leitorado pela compra de livros tem amainado.

Mas é um resultado que também aponta para readaptações tecnológicas. O setor de livros técnicos e profissionais, por exemplo, é o que mais puxa para baixo a venda de livros físicos, mas cresceu na procura por livros virtuais, que por serem mais baratos não compensam a receita das editoras.

O cenário para os livros digitais, aliás, é promissor. O faturamento do setor cresceu 33% em apenas um ano, totalizando um aumento de 158% nos últimos cinco anos, puxado por canais como plataformas educacionais e bibliotecas virtuais.

Hoje, eles são cerca de 8% da receita das editoras, contra 6% no ano anterior, a grande maioria sendo responsabilidade dos ebooks. Os audiolivros ainda representam uma parcela mínima desse faturamento, ainda que a quantidade de lançamentos tenha crescido de forma relevante.

O setor de livros gerais, que incluem literatura de ficção e não ficção, foi o que teve maior queda depois dos livros técnicos, com quase 12% menos exemplares vendidos e 7% a menos de faturamento. Os setores de livros religiosos e didáticos tiveram redução menos acentuada, girando em torno de 3%.

As livrarias exclusivamente virtuais continuam dominando as vendas das editoras, tendo sido responsáveis por cerca de um terço de todo o comércio de livros. As lojas físicas tiveram um crescimento expressivo no bolo, subindo de uma parcela de 22% para 28% do mercado, mostrando que um ano que viu a derrocada de redes como Cultura e Saraiva foi compensado por outros agentes do mercado.

O canal que teve maior avanço de 2022 para 2023 foi o de sites e marketplaces próprios das editoras, que pela primeira vez ficou entre os cinco meios de compra mais relevantes.

Uma certa recomposição política também cumpriu um papel determinante nos resultados. Os exemplares comprados pelo governo cresceram 23% de 2022 para 2023, na virada do governo Jair Bolsonaro para a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi isso que fez com que a circulação de livros tivesse um crescimento de 4,5%, no geral, puxada para baixo pelo mau desempenho das vendas ao mercado.

Sevani Matos, presidente da CBL, cita entre os fatores de desestímulo à compra de exemplares a pirataria de livros, que muitas vezes viram arquivos em PDF passados de mão em mão, e a perda de renda dos brasileiros, que percebem o livro como um produto caro.

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