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Abilio Diniz leva R$ 900 milhões com venda de ações da BRF

Empresário vendeu participação de 3,8% à Marfrig, em movimento que pode indicar possibilidade de fusão entre as companhias

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São Paulo

O empresário Abilio Diniz embolsou um valor de R$ 898,6 milhões com a venda de uma participação de 3,8% em ações da BRF que detinha na carteira do fundo Aspen à Marfrig, segundo documentos enviados à SEC (Securities and Exchange Commission), órgão regulador do mercado financeiro nos EUA.

Foram vendidas cerca de 31,2 milhões de ações, a um preço de R$ 28,75, com a zeragem da posição no frigorífico da Península Participações, empresa de investimento do empresário. Nesta sexta-feira (29), as ações da BRF fecharam em alta de 2,1%, enquanto as da Marfrig avançaram 5,3%. Já o Ibovespa fechou em queda de 2,1%.

O documento informa ainda que as partes estabeleceram também no contrato um mecanismo de ajuste de preços, em que a Marfrig pode ter de desembolsar um valor adicional, a depender do desempenho das ações da BRF nos 60 dias precedentes e 30 seguintes à assembleia geral da empresa, em abril de 2022.

Empresário Abilio Diniz em seu escritório na empresa Península Participações, na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo - Bruno Santos - 19.dez.2019/Folhapress

O analista do Bradesco BBI, Leandro Fontanesi, aponta em relatório que o mandato dos atuais conselheiros da BRF também expira em abril 2022. Na avaliação do analista, a cláusula pode vir a beneficiar o empresário em meio a eventuais discussões sobre a fusão entre Marfrig e BRF às vésperas do encontro no ano que vem.

"[O contrato] indica que o vendedor da participação de 3,8% –presumivelmente pertencente ao sr. Abílio Diniz– vê uma probabilidade de pelo menos 50% de um negócio acontecer no curto prazo", diz Fontanesi no relatório.

Não seria a primeira vez que as empresas tratam de uma possível fusão –em 2019, conversas entre as partes chegaram a ocorrer, mas acabaram não indo para frente.

O documento enviado à SEC informa que o fechamento do acordo entre o fundo Aspen e a Marfrig ocorreu em 22 de outubro, após o Tribunal do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) confirmar decisão prévia que aprovou a aquisição pela Marfrig.

Há, contudo, a análise pendente de um recurso apresentado pelo Instituto Brasileiro das Relações de Consumo sobre a operação. Na prática, a análise do recurso impede que a Marfrig exerça direitos sobre as ações que adquiriu sem aval prévio do órgão.

​A operação ocorreu no âmbito de uma investida iniciada há alguns meses pela Marfrig, que no dia 21 de maio informou a aquisição de ações da BRF correspondentes a cerca de 24,23% do seu capital social. Poucos dias depois, em 3 de junho, a Marfrig informou ter aumentado a participação para 31,66%.

O analista do Bradesco BBI estima que a participação tenha subido para 33,2%, com a compra das ações do empresário, se aproximando do nível necessário para que a Marfrig possa fazer uma proposta pela rival.

A Marfrig reportou lucro líquido de R$ 1,67 bilhão no terceiro trimestre, uma expressiva alta de 148,7% ante o mesmo período do ano passado, em meio a fortes resultados da operação da empresa na América do Norte, conforme balanço divulgado nesta terça-feira (26). A BRF divulga seus resultados do terceiro trimestre no dia 10 de novembro.

Diniz investiu na BRF inicialmente em meados de 2013, tendo assumido a presidência do conselho em abril daquele ano, quando as ações da BRF eram negociadas na faixa dos R$ 40, e chegou a protagonizar uma disputa com grandes fundos de pensão para indicar conselheiros para a empresa. Diniz deixou o posto em 2018.

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