Siga a folha

Descrição de chapéu Reforma tributária Folhajus

Quais as propostas alternativas de reforma tributária?

Modernização do sistema atual também é vista como solução por alguns especialistas

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Enquanto a Câmara dos Deputados discute uma reforma tributária com a implantação de um novo imposto sobre o consumo, seguindo o modelo adotado em mais de 170 países, algumas entidades do setor de serviços, representantes de prefeitos e tributaristas têm defendido propostas alternativas e a inclusão de outros tributos no debate.

Entre as demandas estão discutir a desoneração da folha de salários e a tributação do consumo em conjunto. Uma nova contribuição sobre movimentações financeiras, tema que foi ressuscitado no governo Jair Bolsonaro (PL), também é desejada por algumas entidades. Uma modernização do atual sistema, por sua vez, é vista como solução por alguns especialistas.

Neste primeiro semestre o governo quer simplificar e substituir os cinco principais tributos sobre o consumo (os federais PIS, Cofins e IPI, o estadual ICMS e o ISS) por até três novos impostos, com legislações unificadas e sem possibilidade de benefício fiscal regional (com exceção da Zona Franca de Manaus).

Deputados levantam cartazes com os dizeres "Xô, CPMF", em protesto à tentativa de recriação do tributo no governo Dilma Rousseff - Pedro Ladeira-02.fev.2016/Folhapress

Também deve haver mudança na tributação do local da sede da empresa para o município do consumidor, redistribuindo a arrecadação. A tributação de todos os bens e serviços tende a ser a mesma, com algumas exceções que estão em análise, como alimentos, saúde, educação e transporte.

Com isso, alguns serviços podem ser mais tributados do que hoje, embora o governo aponte que haverá ganho para o setor como um todo em termos de crescimento das receitas.

Uma proposta alternativa que foi apresentada formalmente no Congresso é o chamado Simplifica Já, que faz parte da PEC 46/2022. O texto foi protocolado pelo senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e subscrito por 37 senadores no final do ano passado. A PEC tem o apoio de algumas entidades de serviços e da FNP (Frente Nacional dos Prefeitos), que representa os grandes municípios.

O Simplifica Já prevê a unificação das legislações estaduais do ICMS e municipais do ISS, mas não acaba com esses impostos, e deixa estados e municípios livres para dar incentivos fiscais setoriais no modelo da guerra fiscal. As propostas em análise no Congresso, por outro lado, dizem que um produto deve ter a mesma alíquota em todo o país.

Também estão previstas mudanças nas regras do PIS/Cofins federal e a desoneração da folha com a tributação de marketplaces e aplicativos.

A PEC 46/2022 não está sendo analisada pelo grupo de trabalho que trata da reforma na Câmara. O colegiado trabalha em cima de dois outros textos (PEC 45 e PEC 110), ambos em discussão desde 2019.

A volta da CPMF

Outra entidade setorial, a CNS (Confederação Nacional dos Serviços), propôs duas alternativas de reforma, ambas focadas na desoneração da folha de pagamento. Nos dois casos, seriam extintas as contribuições patronais de 20% para o INSS, ao Incra e para o salário educação, além de haver uma redução na parcela descontada do trabalhador do intervalo de 8% a 11% para de 5% a 8%.

Em troca seria recriada a CPMF, desta vez com o nome de Contribuição Previdenciária sobre Movimentação Financeira, e uma alíquota de 0,74% –quase o dobro do imposto de 0,38% que vigorou no Brasil de 1997 a 2007.

A ideia de criar uma contribuição previdenciária sobre movimentação financeira para desonerar a folha era defendida pelo Ministério da Economia na gestão Paulo Guedes (2019-2022), mas a proposta nunca teve apoio no Congresso.

Luigi Nese, presidente da CNS, admite que a nova CPMF tem pouca probabilidade de ser aprovada. Por isso, propõe como alternativa compensar a desoneração da folha com uma alíquota maior sobre a tributação do consumo.

Nese é contra a criação do imposto que está em debate no Congresso, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que segue o modelo conhecido como IVA (Imposto sobre Valor Agregado), utilizado na maioria dos países da Europa e América Latina. Ele diz que o IBS é obsoleto e que a CPMF é um imposto moderno.

"O que tem de colocar na mesa é o IVA com a desoneração da folha. Não tem chance de passar sem a desoneração", afirma Nese, que ainda assim vê poucas chances de aprovação da reforma sobre o consumo. "Acho que a reforma tributária não passa."


Alternativas à reforma tributária

Simplifica Já/PEC 46/2022

  • Unificação das legislações estaduais do ICMS e municipais do ISS
  • Não acaba com esses impostos
  • Permite incentivos fiscais setoriais
  • Mudanças nas regras do PIS/Cofins federal
  • Desoneração da folha
  • Tributação de marketplaces e aplicativos

Proposta da CNS

  • Fim da contribuição patronal ao INSS
  • Fim das contribuições do salário educação e ao Incra
  • Redução na contribuição dos trabalhadores à Previdência
  • Nova contribuição sobre movimentações financeiras ou
  • Financiar a desoneração da folha tributando mais o consumo

Reforma infraconstitucional

  • Reduzir horas gastas com obrigações acessórias
  • Reduzir alíquotas dos tributos atuais e das multas aplicadas
  • Impedir a criação de Fundos estaduais
  • Acabar com as tarifas Tust e Tusd na energia elétrica
  • Acabar com a sistemática de substituição tributária
  • Revisar a política dos créditos de insumos para o PIS/Cofins

Na última quinta (30), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) descartou a volta da CPMF, ao falar sobre medidas para aumentar a arrecadação.

Muitos especialistas apontam a CPMF como um tributo que não é progressivo, porque incide sobre ricos e pobres com o mesmo percentual. Impostos progressivos, como IR e IPTU, por outro lado, possuem faixa de isenção e alíquotas maiores para os mais ricos. No IBS da reforma tributária, essa diferenciação será feita por meio da devolução do imposto (via cashback) para a baixa renda.

Alguns tributaristas têm defendido uma reforma infraconstitucional, focada na simplificação em vez de mudar o sistema tributário. Em artigo publicado no blog da Folha Que Imposto é Esse, Fernando Facury Scaff, professor da Faculdade de Direito da USP, defendeu essa posição.

Entre as medidas para melhorar o sistema, ele defende revisar a política de créditos de insumos para o PIS/Cofins e sistematizar a coleta de informações fiscais, reduzindo as quase 2.000 horas de trabalho gastas no preenchimento de obrigações acessórias.

"A Reforma Constitucional Tributária pode estar madura para o Congresso, mas os setores produtivos e a academia não entendem desse modo."


Propostas mais avançadas no Congresso

1) PEC 45 - relatório deputado Aguinaldo Ribeiro

  • Substitui cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por um Imposto sobre Bens e Serviços e um Imposto Seletivo sobre cigarros e bebidas alcoólicas
  • Transição de seis anos em duas fases, uma federal e outra com ICMS e ISS
  • Substitui a desoneração da cesta básica pela devolução de imposto para famílias de menor renda

2) PEC 110 - relatório senador Roberto Rocha

  • Criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) com fusão do PIS e Cofins
  • Criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), com fusão do ICMS e ISS
  • Substitui IPI por um imposto seletivo sobre itens prejudiciais à saúde e meio ambiente
  • Criação do Fundo de Desenvolvimento Regional, abastecido com recursos do IBS
  • Restituição de tributos a famílias de baixa renda

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas