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'Acordei imediatamente o capitão', diz tripulante de superiate que naufragou

Marinheiro e capitão falam sobre os últimos momentos no barco do bilionário Mike Lynch

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São Paulo

Os membros da tripulação do iate de Mike Lynch falaram à imprensa sobre os momentos em que uma tempestade afundou o navio na Sicília e seus esforços para ajudar a salvar os passageiros, após um desastre que matou o magnata da tecnologia britânico e outras seis pessoas.

Matthew Griffiths, marinheiro que estava de plantão no momento do desastre, na madrugada de 19 de agosto, disse aos investigadores que os tripulantes fizeram tudo o que puderam para salvar as pessoas a bordo do Bayesian, de acordo com comentários relatados pela agência de notícias italiana Ansa no sábado.

"Monitorei as condições meteorológicas durante toda a noite, principalmente o vento que chegou aos 20 nós [cerca de 40 km/h]. Depois acordei imediatamente o capitão, que assumiu o comando das operações e deu ordem para acordar todos os outros", afirmou Griffith, segundo a agência italiana de notícias Ansa.

Equipe de resgate levanta o corpo de Hannah Lynch, filha do empreendedor britânico de tecnologia Mike Lynch, no local onde o iate de luxo da família afundou, na costa de Porticello, perto da cidade siciliana de Palermo, Itália. - REUTERS

Griffiths, o capitão do barco James Cutfield e o engenheiro de navios Tim Parker Eaton, encarregado da sala de máquinas na noite do acidente, foram colocados sob investigação pelas autoridades italianas por potencial homicídio culposo e naufrágio. Ser investigado não implica culpa e não significa que acusações formais serão feitas.

Os três membros da tripulação estão entre os 15 sobreviventes –nove deles membros da tripulação, de um tottal de dez, e seis passageiros de doze.

"O navio inclinou e fomos jogados na água. Então conseguimos nos levantar e tentamos resgatar aqueles que podíamos", acrescentou o marinheiro Griffiths, descrevendo os eventos das primeiras horas de 19 de agosto, quando o iate estava ancorado no porto siciliano de Porticello.

"Estávamos andando nas paredes [do barco]. Salvamos quem pudemos. Cutfield também salvou a menina e sua mãe", disse ele, referindo-se à passageira Charlotte Golunski e sua filha de um ano. Ao todo, 15 pessoas sobreviveram ao naufrágio.

Cutfield exerceu seu direito de permanecer em silêncio quando questionado pelos promotores na terça-feira, disseram seus advogados, dizendo que ele estava "exausto" e que eles precisavam de mais tempo para construir um caso de defesa.

Antes disso, Cutfield deu uma descrição semelhante à de Griffiths aos investigadores, de acordo com comentários relatados neste domingo pelo diário italiano Il Corriere della Sera.

Cutfield confirmou que o marinheiro o acordou e que deu ordem "para informar os demais porque [ele] não gostou da situação", segundo reportagem do jornal italiano.

O capitão disse que o barco inclinou 45 graus e permaneceu nessa posição por algum tempo, então de repente caiu completamente para a direita, relatou o jornal.

Parker Eaton não havia comentado anteriormente sobre a investigação. Neste domingo, o Il Corriere o citou dizendo que todas as portas e escotilhas estavam fechadas quando a tempestade atingiu o barco, exceto uma que dava acesso à sala de máquinas.

A porta estava localizada no lado oposto à inclinação e, portanto, não poderia ser um fator que causou o naufrágio, disse ele.

O promotor Raffaele Cammarano disse na semana passada que o navio provavelmente foi atingido por uma "explosão descendente", um vento descendente muito forte.

O naufrágio intrigou especialistas navais, que disseram que um navio como o iate Bayesian, construído pelo fabricante italiano de barcos de luxo Perini, deveria ter resistido à tempestade ou não deveria ter afundado tão rapidamente.

Promotores da cidade de Termini Imerese, perto de Palermo, disseram que a investigação levará tempo, já que os destroços ainda não foram recuperados do mar.

O iate de 56 metros de comprimento afundou em questão de minutos depois que uma tromba d'água atingiu cerca de 700 metros do porto de Porticello.

Mike Lynch, de 59 anos, empresário bilionário, celebrava com amigos, colaboradores e advogados a sua absolvição, em junho, em um julgamento por fraude nos Estados Unidos que poderia ter lhe custado anos de prisão.

Com Reuters e AFP

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