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Cyril Ramaphosa é eleito novo presidente da África do Sul

Político era vice de Jacob Zuma, que renunciou na quarta (14) acusado de corrupção

Cyril Ramaphosa durante sessão do Congresso que o elegeu nesta quinta-feira na Cidade do Cabo, África do Sul - Mike Hutchings/AP

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Johannesburgo | Associated Press e Reuters

Cyril Ramaphosa foi eleito presidente da África do Sul pelo Parlamento do país nesta quinta-feira (15), depois da renúncia de Jacob Zuma nesta quarta. 

Também na quinta, a polícia sul-africana deu prosseguimento a uma operação anticorrupção que tem entre seus alvos a família Gupta, ligada a Zuma —e suspeita de pagar propina a ele para obter contratos com o governo, além de buscar influenciar a formação de seu gabinete.

Ajay Gupta, um dos três irmãos que comandam os negócios do clã em setores como mineração, aviação civil, tecnologia e energia (num conglomerado que emprega cerca de 10 mil pessoas e tem receita anual na casa dos US$ 20 milhões), é considerado foragido.

Entre os presos no âmbito da ação está Verun Gupta, sobrinho de Ajay. Oito pessoas já foram detidas no curso da investigação sobre o desvio de recursos de uma fazenda estatal voltada à produção de laticínios para uma empresa que tem elos com os Gupta.

Ramaphosa, vice de Zuma, era o único candidato à Presidência, já que partidos de oposição boicotaram a votação. Eles desejavam a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições.

Zuma renunciou depois de anos de escândalos que mancharam seu histórico como um dos líderes da luta pelo fim de apartheid ao lado de Nelson Mandela (1918-2013) e arranharam a imagem de seu partido, o CNA (Congresso Nacional Africano).

Ramaphosa promete combater a corrupção, mas siglas de oposição como a Aliança Democrática dizem que o CNA protegeu Zuma por anos, apesar das diversas acusações contra ele.

Como o CNA tem maioria no Parlamento, conseguiu os votos necessários para eleger Ramaphosa.

PRESSÃO POR RENÚNCIA

As negociações para a saída de Zuma, eleito em 2009 e reeleito em 2014, se arrastavam havia dias. No fim de semana, segundo relatos da mídia sul-africana, ele já havia concordado em deixar o cargo, mas impusera condições.

A resposta do CNA veio sob a forma de ultimato. Como o presidente se recusava a atendê-lo, o partido anunciou que apoiaria o voto de desconfiança pedido pela oposição no Parlamento, o que na prática forçaria sua saída.

Ramaphosa havia vencido em dezembro a disputa para suceder Zuma no comando do CNA, legenda que dirige a África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994.

Parte da cúpula do CNA teme que a derrocada do agora ex-presidente prejudique o partido nas próximas eleições, abrindo espaço para a ascensão de uma oposição que nunca esteve no poder.

Ex-companheiro de prisão de Mandela (passou dez anos em Robben Island, até 1973), controverso, carismático e polígamo, Zuma, 75, é investigado por corrupção e foi absolvido, em 2006, de uma acusação de estupro.

Zuma também é objeto de denúncias que envolvem reformas feitas em sua casa no valor total de R$ 50 milhões e pagas com dinheiro público. Há dois anos, a Suprema Corte sul-africana determinou que o então mandatário violara a Constituição ao não ressarcir os cofres da União.

A Justiça também analisa a acusação de que Zuma teria sido subornado pela fabricante francesa de armamentos Thales no fim dos anos 1990, quando o governo sul-africano fechou aquisições de equipamentos na casa dos US$ 2,5 bilhões. A ele foi oferecida uma recompensa anual de US$ 41 mil (em valores atualizados), segundo um ex-advogado da empresa.

Zuma sempre negou todas as acusações.

Em 2016, o então presidente enfrentou uma votação de impeachment e venceu.

 

CRISE POLÍTICA ABALA O PAÍS

O que pesou contra Zuma

Reformas na casa

Em 2016, a Suprema Corte da África do Sul afirmou que Zuma violou a Constituição ao não devolver ao governo as verbas públicas usadas em reformas (no valor total de R$ 50 mi) de sua casa, que incluíram a construção de uma piscina e de um anfiteatro

Ligação com os Gupta

A milionária família de origem indiana foi alvo de uma operação da polícia nesta quarta (14). Os Gupta são suspeitos de pagar propinas em troca de contratos com o governo Zuma, além de tentar influenciar o presidente com indicações para cargos ministeriais

Propina de armas

Caso que foi retomado pela Suprema Corte em 2016 e diz respeito a propinas que Zuma teria recebido em 1999, quando era vice-presidente e negociou uma compra de armamentos que totalizou US$ 2,5 bilhões, em valores atualizados. Segundo um ex-advogado da fabricante francesa Thales, teria sido oferecido a Zuma um suborno anual de 500 mil rands (US$ 81 mil em 1999 ou US$ 41 mil hoje)

O que diz Zuma

Ele nega qualquer irregularidade e se diz vítima de uma injustiça cometida por seu partido

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