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Parlamento faz investida contra Theresa May para assumir 'brexit'

Primeira-ministra apresenta plano B para desligamento da União Europeia

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Paris

A primeira-ministra britânica, Theresa May, apresenta nesta segunda-feira (21) seu “plano B” para o desligamento do Reino Unido da União Europeia (UE), o “brexit”, em meio a articulações explícitas no Parlamento para tirar dela as rédeas da condução do processo.

Após o acordo fechado com a UE ser ruidosamente rejeitado (por uma diferença de 230 votos, maior revés da história para um governo britânico), a líder conservadora volta à Casa com um roteiro alternativo.

Desta vez, ela espera conseguir ao menos aplacar a contrariedade de seus correligionários –dos quais 118 votaram contra a primeira proposta– e da bancada do norte-irlandês Partido Democrático Unionista, do qual May depende.

Theresa May e seu marido, Philip, deixam igreja em High Wycombe, Reino Unido - Hannah McKay/Reuters

Segundo o jornal Sunday Times, o governo quer sugerir um tratado bilateral entre Reino Unido e República da Irlanda (Estado-membro da UE) que substitua o mal-afamado “backstop” previsto no documento.

Trata-se de uma união aduaneira temporária entre o Reino Unido e os 27 integrantes da UE que entraria em vigor se, durante o período de transição (que termina em dezembro de 2020), as partes não conseguissem fechar um novo acordo de livre-comércio que permitisse manter como está a fronteira entre as duas Irlandas –aberta, sem controle de pessoas e mercadorias.

O dispositivo causa arrepios na ala mais radical dos “brexiters”, que fizeram campanha e votaram, no plebiscito de 2016, pelo desligamento britânico da UE. Para eles, trata-se de uma armadilha dos europeus para manter Londres atada ao consórcio.

Esse grupo prefere “sair batendo a porta” e está convicto de que o choque de um “brexit duro” será atenuado, ao longo dos anos, pela retomada de uma suposta proeminência britânica na cena global.

No domingo (20), porém, o governo da Irlanda rechaçou qualquer possibilidade de um substituto bilateral (ou seja, sem envolvimento da UE) ao “backstop”.

Enquanto isso, parlamentares tentam fazer com que propostas que preveem adiar a data do “brexit” (hoje agendado para 29 de março) sejam apreciadas prioritariamente.

A ideia é impedir que o governo May use o argumento da rejeição ao acordo com Bruxelas para empurrar o país para um “divórcio litigioso”, sem período de transição ou cooperação com o continente –o temido “no deal”.

O artigo do Tratado de Lisboa que define as condições para a saída de um membro da UE fixa que qualquer postergação do processo deve ser aprovada por unanimidade pelos outros 27 membros.  

“Qualquer tentativa de tirar o poder governamental [...] de conduzir uma saída organizada é extremamente preocupante”, afirmou no domingo um porta-voz de May.

Não há nem sombra de consenso no Legislativo sobre o caminho a seguir agora. Na oposição, os trabalhistas se dividem entre a defesa de um novo plebiscito e o lobby para reabrir as negociações com a UE a fim de incluir no acordo uma união aduaneira permanente com o bloco. Jeremy Corbyn, líder opositor, é partidário da segunda opção, que May abomina.

No campo governista, o leque parece ainda mais amplo. Há quem sugira voltar a consultar a população, quem pleiteie uma delimitação mais precisa para o “backstop” e os já citados radicais do “no deal”.

Um ponto de convergência cada vez mais nítido parece ser a necessidade de ganhar tempo para preparar qualquer um desses cenários. Ou seja: ganha força o movimento pelo adiamento da despedida britânica.

A indefinição não acirra os ânimos apenas no plenário londrino. Na ilha vizinha, a Irlanda do Norte teve uma amostra no sábado (19) do que a perspectiva de fechamento da fronteira com a República da Irlanda (em caso de “no deal”) pode significar para o conflito entre nacionalistas (pró-reunificação dos dois países) e unionistas (pró-permanência no Reino Unido), quase adormecido há 20 anos.

Um carro-bomba explodiu em Derry, a poucos quilômetros da fronteira. Ninguém se feriu. No domingo, dois homens foram presos em conexão com o ataque.

A polícia investiga o possível envolvimento do Novo IRA, dissidência do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla original), nacionalista.

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