Presidente do Equador diz que Assange tentou montar centro de espionagem em embaixada
Fundador do WikiLeaks foi preso após país sul-americano retirar o asilo que havia lhe concedido
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Julian Assange tentou criar um "centro de espionagem" na Embaixada do Equador em Londres, afirmou neste domingo (14) o presidente equatoriano, Lenín Moreno, justificando sua decisão de retirar o asilo do fundador do WikiLeaks, preso na quinta-feira (11).
Moreno, no poder desde 2017, lamentou em entrevista concedida ao jornal britânico The Guardian que o governo anterior tenha oferecido na embaixada equipamentos que permitiram a Assange "interferir nos assuntos de outros Estados".
"Não podemos permitir em nossa casa, a casa que abriu suas portas, nos tornarmos um centro de espionagem", declarou Moreno. "Essa atividade viola as condições de asilo", acrescentou, assegurando que a decisão de retirar o asilo de Assange "não é arbitrária, mas se baseia no direito internacional".
O presidente equatoriano denunciou também a atitude "absolutamente repreensível e escandalosa" de Assange na embaixada e seu "comportamento inapropriado em matéria de higiene". Ele teria sujado as paredes com suas fezes, segundo o governo do Equador.
Entrevistada pela Sky News na manhã deste domingo, a advogada de Assange, Jennifer Robinson, negou essas acusações, que classificou de "escandalosas".
Robinson afirmou que o fundador do WikiLeaks está disposto a cooperar com as autoridades suecas caso decidam reabrir o processo de estupro contra ele, mas que sua prioridade continua sendo evitar a extradição para os Estados Unidos.
"Estamos absolutamente felizes de responder a estas perguntas se e quando forem apresentadas", declarou Jennifer Robinson ao canal Sky News.
"A questão chave no momento é [o pedido de] extradição dos Estados Unidos", completou.
Assange foi detido na quinta-feira na Embaixada do Equador em Londres, onde havia obtido asilo há sete anos para escapar de uma ordem de detenção britânica por acusações de estupro e agressão sexual na Suécia —ele nega ter cometido os crimes.
A denúncia por agressão sexual prescreveu em 2015. A justiça da Suécia arquivou as acusações no segundo caso em maio de 2017, por falta de condições para ouvir Assange.
Mas, com o anúncio de sua detenção, a advogada da denunciante pediu a reabertura da investigação.
O australiano de 47 anos foi detido também devido a um pedido de extradição dos Estados Unidos, onde a justiça o acusa de ter ajudado a ex-analista de inteligência Chelsea Manning a obter uma senha de acesso a milhares de documentos sigilosos.
Este pedido será analisado pela Justiça britânica em 2 de maio.
Se a Suécia solicitar a extradição, "pediremos as mesmas garantias que já formulamos, que [Assange] não seja enviado aos Estados Unidos", declarou Robinson.
A advogada explicou que seu cliente buscou refúgio na Embaixada do Equador ante a falta de tais garantias.
Visita de deputados
Mais de 70 parlamentares britânicos assinaram uma carta enviada ao Ministério do Interior na qual pedem prioridade a uma possível ordem de extradição sueca.
"Julian nunca se preocupou em enfrentar a justiça britânica ou a justiça sueca", disse Robinson. "Este caso é e sempre foi sobre sua preocupação de ser enviado para a injustiça americana", completou.
O presidente equatoriano declarou ao Guardian ter recebido "garantias escritas" de Londres de que Assange não será extraditado a um país em que ele possa ser vítima de tortura, de maus tratos ou condenado à pena de morte.
Segundo o WikiLeaks, a cônsul australiana visitará na segunda-feira (15) o embaixador do Equador em Londres, Jaime Marchán.
A eurodeputada espanhola Ana Miranda (do grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia) e dois deputados alemães do partido de esquerda Die Linke, Heike Hansel e Sevim Dagdelen, chegarão a Londres nesta segunda-feira (15), para tratar do caso de Assange.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters