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Descrição de chapéu The New York Times

Declarações sobre Irã e Coreia do Norte expõem racha de Trump com assessor de segurança

Presidente americano contradiz John Bolton, conhecido pela abordagem linha dura na política externa

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Peter Baker Maggie Haberman
Washington | The New York Times

Nos últimos dias, o presidente Donald Trump contradisse publicamente seu assessor de segurança nacional, John Bolton, em declarações sobre Irã e Coreia do Norte, o que despertou questões sobre suas posições e as do pessoal de seu governo, em meio a confrontos com adversários dos Estados Unidos.

Durante uma visita de quatro dias ao Japão encerrada nesta terça-feira (28), Trump contradisse Bolton ao declarar, incorretamente, que os recentes testes de mísseis da Coreia do Norte não violavam as restrições da ONU.

E Trump também declarou que não buscava uma mudança de regime no Irã, ao contrário de Bolton, que há muito advoga um novo governo em Teerã.

O assessor de segurança nacional, John Bolton, observa o presidente dos EUA, Donald Trump, durante evento na Casa Branca, em Washington - Brendan Smialowski - 13.mai.19/AFP

As declarações do presidente parecem ter revelado um desentendimento com seu assessor de segurança nacional, conhecido por sua abordagem linha dura quanto à política externa. Em conversas particulares, Trump brincou sobre a belicosidade de Bolton, dizendo que o assessor gostaria de envolvê-lo em uma guerra.

Como coordenador da equipe de segurança nacional de Trump, Bolton ocasionalmente se apõe ao Departamento de Defesa e ao Departamento de Estado.

Bolton é o terceiro assessor de segurança nacional escolhido por Trump, selecionando uma veterana voz conservadora que compartilha do pendor do presidente por falar sem medir as palavras, e que costumava defendê-lo frequentemente na rede de TV a cabo Fox News.

Bolton teve postos em diversos governos republicanos anteriores, mais recentemente como embaixador do presidente George W. Bush na ONU.

Mas os dois divergem de maneira aguda em suas abordagens quanto a algumas questões fundamentais.

Trump chegou ao poder prometendo que tiraria os Estados Unidos de guerras estrangeiras, e fez da diplomacia com a Coreia do Norte uma peça central de sua política externa.

Bolton é proponente de ação militar e se opõe a negociações com a Coreia do Norte, que segundo ele não merece confiança.

Essas divisões foram traçadas com ainda mais clareza nas últimas semanas, quando Trump resistiu a enviar grandes reforços americanos ao Oriente Médio para conter supostas ameaças iranianas, e minimizou a importância dos testes norte-coreanos de mísseis balísticos de curto alcance.

Em entrevista coletiva concedida em Tóquio na segunda-feira, Trump afirmou que os lançamentos de mísseis não violavam resoluções da ONU, contrariando Bolton, que afirmou, com razão, que os lançamentos constituíam violação.

"Meu pessoal, como vocês sabem, acha que pode ter havido uma violação", disse o presidente. "Minha opinião é diferente. Para mim, o que vejo é um cara que talvez queira chamar a atenção, e talvez não. Quem pode saber? Não faz diferença."

Mais tarde, durante a mesma ocasião, Trump deu a entender que não compartilhava do entusiasmo de Bolton por tentar derrubar o governo iraniano. "O país tem a chance de ser grande, com a mesma liderança", disse. "Não busco uma mudança de regime. Quero só deixar uma coisa clara. Queremos [o Irã] sem armas nucleares."

Bolton não comentou, depois das declarações de Trump. Mas o fato de que o assessor de segurança nacional não tenha comparecido ao jantar de Estado que ocorreu naquele dia não passou despercebido, embora o motivo de sua ausência não esteja claro.

Trump e Bolton não se relacionam bem, de acordo com outros conselheiros do presidente. Embora Bolton tenha tido mais sucesso do que seu predecessor, H.R. McMaster, em manter o presidente informado, dizem funcionários do governo americano, não existe entre eles a química que Trump considera tão importante.

De sua parte, Bolton expressou frustração com o presidente, de acordo com diversas fontes, vendo-o como desinteressado em pressionar por mudanças no Oriente Médio. Trump deixou claro que vê Bolton como mais disposto que ele a usar a força.

"Se a decisão coubesse a John, estaríamos envolvidos em quatro guerras agora", um funcionário importante do governo diz ter ouvido Trump dizer em uma conversa privada.

Trump também está insatisfeito com os resultados de outra das principais iniciativas de Bolton, a campanha para derrubar o presidente venezuelano Nicolás Maduro.

Embora Bolton tenha ajudado a promover condenação internacional a Maduro, a oposição interna venezuelana não conseguiu convencer as forças armadas a se voltarem contra o presidente e derrubá-lo.

Tradução de Paulo Migliacci

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