Senador do Haiti abre fogo contra manifestantes
Legislador afirma que agiu para se defender; país vive onda de protestos
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O senador haitiano Jean-Marie Ralph Fethiere atirou contra manifestantes que protestavam do lado de fora do Parlamento na capital, Porto Príncipe, e feriu levemente um fotógrafo da agência Associated Press nesta segunda-feira (23).
O congressista, que pertence ao partido atualmente no poder, afirmou que abriu fogo para se defender dos manifestantes que compareceram ao local para impedir a realização de uma sessão parlamentar.
"Me defendi. A defesa pessoal é um direito sagrado" disse Fethiere à imprensa hatiana, acrescentando que desconhecia o fato de ter ferido um jornalista.
O fotógrafo Chery Dieu-Nalio teve lesões leves na mandíbula.
O primeiro-ministro do Haiti, Fritz-William Michel, que assumiu o cargo em julho, planejava participar da sessão no Senado acompanhado de seus ministros.
Na ocasião, ele apresentaria seu plano de governo, ato que formalizaria o início de sua gestão.
Centenas de manifestantes montaram barricadas por volta do meio-dia nas ruas da capital para protestar contra o presidente, Jovenel Moise. A maioria era de homens jovens que vestiam máscaras.
"Não queremos saber dos planos do primeiro-ministro, não temos um problema de governo, mas sim um problema de presidente: Jovenel Moise é uma pessoa incompetente, não pode liderar, e por isso nossa miséria é maior", disse Didier Benel, um dos participantes do ato.
O grupo passou pelas ruas dos distritos comerciais da capital quebrando janelas de prédios e carros. Ao menos dois veículos foram incendiados.
O presidente haitiano planejava partir no domingo (22) à Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU, mas cancelou a viagem até a posse do governo.
Desde domingo (15), as atividades estão paralisadas na região metropolitana de Porto Príncipe e nas principais cidades do país devido às tensões decorrentes da falta de combustível.
As empresas que importam produtos derivados do petróleo encontram dificuldades para abastecer o mercado doméstico, pois o governo haitiano não tem dinheiro para manter o subsídio do combustível e está mergulhado em dívidas com as distribuidoras.
Insatisfação popular
Na sexta-feira (20), Porto Príncipe foi palco de protesto contra a escassez de gasolina que atinge o país há mais de três semanas —o ato acabou em violentos confrontos com a polícia.
Em várias ocasiões, os policiais dispararam com munição real e utilizaram gás lacrimogêneo, causando pânico na multidão.
Os manifestantes responderam lançando pedras e garrafas de vidro contra as forças de segurança. Barricadas com pneus e lixo em chamas foram erguidas nas principais ruas da capital haitiana.
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