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Vilarejo alemão elegeu prefeito neonazista e agora quer voltar atrás

Stefan Jagschm, único a se candidatar, foi eleito por unanimidade entre vereadores

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Loveday Morris Luisa Beck
Berlim | The Washington Post

A decisão de um pequeno vilarejo no sudoeste da Alemanha de eleger para prefeito um candidato de um partido neonazista provocou reações de repúdio e um exame nacional de consciência.

Nesta terça-feira (10), esforços estavam sendo feitos para reverter a decisão.

Membro do ultranacionalista Partido Nacional Democrata (NPD), que as autoridades alemãs já tentaram proibir diversas vezes, Stefan Jagsch foi a única pessoa a se candidatar a líder da Câmara local do povoado de Waldsiedlung, em Hessen.

Stefan Jagsch, do ultranacionalista Partido Nacional Democrata (NPD), em Waldsiedlung, na Alemanha - Andreas Arnold/dpa/AFP

Ele foi eleito na quinta-feira (5) por unanimidade pelos outros vereadores, incluindo representantes da União Democrata Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, e do Partido Social-Democrata (SPD), parceiros na coalizão que governa a Alemanha.

Um vereador do partido de Merkel chegou a dizer a uma rádio local que a habilidade de Jagsch para mandar e-mails era mais importante que sua filiação partidária.

Não houve outros candidatos à prefeitura no vilarejo, que tem apenas 2.600 habitantes.

A notícia da decisão não demorou a chamar a atenção do país para o vilarejo, localizado nos arredores de Frankfurt, e atrair reações de repúdio e condenação das representações regionais e nacionais dos partidos cujos representantes locais em Waldsiedlung votaram no candidato.

Annegret Kramp-Karrenbauer, sucessora de Merkel na direção do CDU, disse que seu partido vai investigar de que maneira seus membros apoiaram Jagsch. Ela pediu que a eleição do candidato seja revogada.

“Tomamos conhecimento dessa decisão um dia após a eleição com horror e incompreensão absoluta”, disse em comunicado à imprensa o escritório distrital da CDU. “Definitivamente, não estamos associados a essa decisão.”

“Não cooperamos com nazistas! Jamais!”, escreveu no Twitter o líder do SPD, Lars Klingbeil.

Jagsch, que é também vice-presidente do partido neonazista em Hessen, prometeu que vai combater os esforços para afastá-lo do cargo para o qual foi eleito.

Até agora, o NPD conseguiu sobreviver aos esforços feitos para colocá-lo na ilegalidade.

A última tentativa desse tipo, em 2017, foi rejeitada pelo Tribunal Federal de Justiça da Alemanha com o argumento de que o partido era pequeno demais para representar uma ameaça à democracia.

Nos últimos anos, o partido neonazista perdeu espaço para o partido da direita nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD), mais popular entre a direita radical.

 
Lucia Puttich, a líder regional da CDU que lidera os esforços para reverter a eleição de Jagsch, disse que oito dos nove vereadores da Câmara local –ou seja, todos, menos o próprio Jagsch— haviam concordado em reverter a decisão.
 
A iniciativa requer uma maioria de dois terços dos votos. Mas alguns dos vereadores defenderam sua decisão de escolher o neonazista.

“Queremos ajudar a população a resolver seus problemas, só isso”, disse à emissora de televisão alemã Deutsche Welle um vereador filiado à CDU, Norbert Szilakso.

“A filiação partidária do prefeito não vem ao caso para nós.”

Szilakso havia dito à emissora local que Jagsch é “calmo e cooperador” e que ele não se interessa pelo que o candidato eleito faz em particular ou qual é sua filiação partidária. 

“As pessoas votaram nele porque o conhecem pessoalmente, mas não sabiam que, politicamente, era algo indevido”, disse Puttich.

“Ele [Jagsch] é um lobo em pele de cordeiro. Ele aparenta ser cordial, mas os outros não entenderam o significado político.”

Tradução de Clara Allain

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